Desespero de Causa

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Nas oportunidades que tive, sempre fiz questão de reconhecer a legitimidade da atitude de pessoas que se dizem contra a realização da Copa do Mundo de Futebol em nosso país. É claro que, para evitar a realização do megaevento no Brasil, a mobilização deveria ter sido sete anos atrás, quando da escolha da sede para o torneio da FIFA de 2014. Mesmo assim, entendo que todo cidadão que ainda continue contrário a realização da Copa em terras brasileiras pode e deve manifestar seu descontentamento. Isso, sem esquecer que o torneio está em curso e que as despesas já foram realizadas. Nunca é demais destacar que eventos esportivos devem estar o máximo possível desvinculados das intenções pró ou contra determinadas posições políticas, pois a mistura destas duas expressões populares não dá resultados satisfatórios. Todos os que são dotados de bons sentimentos e boas intenções para com o futuro do país, sabem diferenciar política partidária de competição esportiva. Assim considerando, não dá para deixar de lamentar e repudiar as ofensas dirigidas à Presidente da República Federativa do Brasil Dilma Roussef, legalmente eleita em pleito direto, quando do jogo de abertura da Copa. É importante lembrar que, além do estádio lotado de brasileiros e estrangeiros, a imprensa do planeta tem grande parte de sua programação ocupada pelo noticiário da Copa Mundial de Futebol, inclusive com geração de imagens e de áudio ao vivo. Eu e a maioria dos brasileiros recebemos um tipo de educação que nos faz sentir vergonha quando uma senhora de mais de 60 anos, independente da posição que ocupe, é atingida por palavras de baixo calão em público e ao lado da filha, que é mãe de seu neto. Se fossem simples vaias dirigidas à maior autoridade brasileira eu já não faria coro, pois no momento nossa casa-país está cheia de visitas e a presidente foi livremente escolhida. No entanto, aceitaria a defesa do direito das pessoas demonstrarem apreço ou desapreço por uma autoridade como é próprio das democracias. Como o mandato da presidente será julgado pelas urnas daqui a pouco mais de 100 dias, tomei o ocorrido no jogo de abertura como desespero de causa dos que vêem seus interesses na iminência de serem contrariados pelas urnas. Os que adquiriram os caríssimos e raros ingressos da Copa da FIFA não representam o povo brasileiro. O povo irá se manifestar nas urnas das eleições de outubro, dizendo quem merece, ou não, ser eleito. É válido buscar o convencimento para que o voto seja direcionado para um determinado candidato ou candidata. Mas, por favor, vamos mostrar ao mundo que o Brasil tem um povo educado e que merece governantes à altura de sua grandiosidade. Façamos isso sem gestos e ações de desespero, para combinar com o regime democrático que vivemos e que está fazendo o Brasil melhor, como sempre dissemos querer.

Júlio Telesca Barbosa
Engenheiro Agrônomo

 

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