Mais de 80% dos pais não concordam com a retomada das aulas presenciais

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Mais de 80% dos pais não concordam com a retomada das aulas presenciais
Todos estão ansiosos pela retomada das aulas presenciais, mas ainda há muita insegurança por parte dos pais e das escolas. Foto: divulgação

Uma pesquisa realizada pelo Jornal O Popular do Paraná sobre a retomada das aulas aponta que, caso as escolas reabrissem agora, 83,1% dos pais e responsáveis não concordariam em enviar seus filhos. No Instagram, a pergunta “Você concorda com a retomada das aulas presenciais nesse momento?”, obteve 103 “Sim” e 486 “Não” (total de 589 pessoas, sendo 82,5% contra e 17,5% a favor). Já no Facebook, foram 18 “Sim” e 111 “Não” (total de 129 pessoas, sendo 86% contra e 14% a favor). As respostas demonstram a preocupação dos pais diante da incerteza sobre o avanço do coronavírus e a noção de que os estudantes, especialmente os menores, dificilmente seguirão as medidas sanitárias exigidas.

A reportagem do Popular também conversou com alguns diretores de colégios estaduais do município, e a apreensão sobre um retorno presencial nesse momento foi unânime. Na visão da diretora do Colégio Ana Maria Vernick Kava, Maria Leila Feitosa, antes de pensar em retorno é preciso garantir a segurança de todos. “A saúde em primeiro lugar. Entendemos que é de extrema importância a escola, o aprendizado dos alunos, mas agora é mais seguro ficar em casa. As escolas necessitam passar por adaptações de segurança sanitária para receber alunos, professores e funcionários e não se discutiu isso ainda”, comentou.

Da mesma opinião compartilha a diretora do Colégio Estadual Dias da Rocha, Sandra Betineli da Costa, que diz acreditar que nesse momento, enquanto não houver segurança total, não dá pra pensar em retorno presencial. “Uma vez que nossos alunos estão com auxílio e acesso aos conteúdos e atividades por vários canais disponibilizado pela Seed/NRE-AMSul/Colégio. Até já participei de reuniões e discussões sobre o protocolo de retorno, mas o tema ainda precisa ser debatido”, pontuou.

Prudência

Na opinião do diretor do Colégio Estadual do Campo Guajuvira, Carlos Eduardo Fontalva, o momento ainda gera insegurança quanto ao retorno. “Os colégios não têm estrutura adequada para garantir o distanciamento dos alunos. Além disso, nossa escola tem uma peculiaridade; que são os alunos que utilizam o transporte escolar. Dizem que os ônibus vão rodar com poucos alunos, mas quem garante que isso realmente vai acontecer? E como vamos garantir o distanciamento dentro do transporte escolar? Outra preocupação é com relação ao intervalo escalonado, para evitar aglomerações de alunos, não temos garantia de que vai funcionar, já que as crianças e jovens gostam de andar juntos, sentem necessidade do contato físico. O governo também terá que garantir o número de funcionários necessários para higienização dos ambientes a cada troca de turnos”, observou Carlos.

O diretor disse que entende a dificuldade das famílias que estão em casa com seus filhos, tendo que dominar o conteúdo, incentivar as crianças a fazerem as atividades, já que normalmente esse papel cabe à escola. Entretanto, é preciso pensar na saúde em primeiro lugar. “Imagine se um aluno assintomático vai para a escola, e na verdade ele está com o vírus, para quantas outras pessoas ele não poderá passar isso em três dias? Isso realmente preocupa”, lamentou. O diretor aponta ainda a sobrecarga de trabalho que o professor terá, isso porque um grupo virá para escola para a aula presencial e outro grupo estará em casa, com aula remota, e esse mesmo professor terá que atendê-los de maneira online. “Com o ensino remoto durante a pandemia, os professores já estão tendo sobrecarga de trabalho”, salientou. Carlos disse ainda que preocupa o fato de o aluno não ter disciplina para se cuidar. “Tem aluno que vai colocar a máscara na hora que sair de casa, por volta das 6h30, sendo que a aula começa às 7h30, e vai voltar para casa somente por volta das 12h30. Ele não vai ter a noção de trocar de máscara a cada duas horas. Enfim, todos nós queremos voltar, porque sabemos que o ensino presencial funciona melhor, que a educação realmente acontece dessa forma, mas não podemos ser imprudentes”, conclui.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1230 – 17/09/2020

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