Massa de manobra

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Massa de manobra

 

Tive a oportunidade de participar nos últimos dias de um encontro promovido por alguns vereadores de nossa cidade que, pelo menos em tese, se dispunha a discutir o transporte coletivo em nosso Município.

O que se viu lá, no entanto, salvo raras exceções, nada mais foi do que uma reunião de meia dúzia de funcionários inconformados com a decisão do Poder Executivo de extinguir a Companhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC). Ato este que, por consequência, deve resultar na demissão desses empregados.

Ora, obviamente, esses empregados têm todo o direito de espernear. Tem todo o direito de, fazendo uso de sua entidade sindical, buscar formas de barrar ou postergar a extinção da Companhia. O que, penso eu, não é honesto com a nossa comunidade é querer dar área de uma causa de todos para uma mera bandeira corporativista.

Foram quase duas de falas inflamadas, a maioria delas de funcionários da companhia, criticando a decisão de extinguir a companhia. Houve até ex-diretor da empresa, réu em processo por ter falsificado o Diário Oficial do Estado para dar ares de legalidade a uma licitação forjada desde o seu início, perdendo o controle e descendo do salto quando confrontado com a verdade em seu estado puro.

O que, no final das contas, diferenciou a reunião de uma assembleia dos funcionários da CMTC, foi a presença de meia dúzia de incautos moradores do bairro Campina da Barra que eventualmente acreditaram que ali se estava disposto mesmo a discutir alternativas para o fim da linha Tupy-Pinheirinho, a readequação dos itinerários da área rural (assunto que sequer foi mencionado durante o encontro), entre outras pautas realmente importantes para o trabalhador comum araucariense, que é obrigado a pagar uma tarifa absurdamente cara para andar em ônibus lotados e aguardar a chegada do busão em pontos mal conservados e planejados. E, o pior, enfrentar esse calvário diário sem receber um mísero centavo que seja de adicional de penosidade. Penduricalho este que quase a totalidade dos empregados da CMTC (sabe-se lá porque diabos!) recebe mensalmente.

Por fim, a prova cabal de que o encontro tinha pouco ou nenhum interesse em buscar soluções para as agruras enfrentadas diariamente para o usuário do transporte coletivo araucariense foram as duas principais propostas retiradas da reuniãozinha: fundir CMTC, COHAB e Departamento de Trânsito e a abertura de uma CPI para investigar malfeitos cometidos na Companhia ao longo de sua história.

Exatamente: não constou da parte final do encontro uma linha sequer de delibações no sentido de retomar a linha Tupy-Pinheirinho, melhorar os itinerários que atendem a área rural, reformar terminais e pontos de ônibus ou, que fosse, colocar papel higiênico nos banheiros da rodoviária, já que – conforme relato de um funcionário – o material chegou a faltar dia desses.

Então, prezados leitores, não nos deixemos enganar, não nos deixemos ser usados como massa de manobra, pois – penso eu – quem defende a manutenção da CMTC não parece nenhum pouco realmente preocupado se a passagem que você paga é cara e/ou se o ônibus que você anda está lotado.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima.

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