Mata a marretadas e depois vai para churrasco

Daniel Isac de Lima Bosco confessou o homicídio brutal
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Mata a marretadas e depois vai para churrasco
Daniel Isac de Lima Bosco confessou o homicídio brutal

 

Na madrugada desta segunda-feira, 14 de maio, o corpo de Murillo Meloqueiro Casarin, 19 anos, foi encontrado enterrado em uma cova rasa em um matagal no fim da rua Jaburu, no bairro Capela Velha. Este caso estava longe de ser somente mais um homicídio em Araucária. Depois que o corpo foi localizado, começou a se desenrolar uma história um tanto quanto macabra.

Murillo tinha uma prima de 17 anos, moradora de Araucária. Ela, por sua vez, namorava Daniel Isac de Lima Bosco, 18 anos, autor confesso do assassinato. Acontece que Daniel era extremamente ciumento e possessivo, tanto que tinha até mesmo uma tatuagem com o nome da namorada e a frase “amor eterno” em seu peito.

Daniel tinha acesso ao Whats­app e Facebook da namorada e teria visto algumas mensagens entre ela e o primo. Segundo a Delegacia de Polícia Civil de Araucária, tratavam-se de mensagens normais entre familiares, mas, na visão de Daniel, havia segundas intenções. O autor também certa vez teria visto Murillo abraçando carinhosamente a prima, fato que gerou ainda mais ciúmes.

Daniel então teria dito à namorada que iria “dar uma lição” em Murillo e ela acabou concordando com isso. Eles então pediram a ajuda de um casal de amigos, uma menina de 14 anos e um garoto de 16 para concretizar o plano.

Há cerca de duas semanas esse garoto teria ajudado Daniel a abrir a cova e estavam usando a adolescente de 14 anos como isca para trazer Murillo até Araucária, já que ele morava em Curitiba. A prima de Murillo estaria enviando fotos da outra jovem dizendo que ela estava interessada nele e convidando-o a vir até a cidade para um encontro.

Dias atrás, ele não pode vir, mas topou o encontro no último sábado, 12 de maio. Murillo avisou a família que viria a Araucária encontrar a prima, pegou um ônibus e no ponto em que desceu já encontrou a prima e a outra garota. Mal ele sabia que a menina, na verdade, estava servindo de isca para a sua morte.

Quando estavam próximos à casa da prima, também no Capela Velha, Murillo teria sido rendido por Daniel e o outro garoto de 16 anos, que o levaram para dentro do matagal e lá começaram a espancá-lo. Daniel contou que primeiramente deu uma marretada na nuca de Murillo e com isso um tanto de sangue acabou espirrando em sua roupa. Por isso, ele tirou as roupas, deixou-as de lado e prosseguiu continuamente com o espancamento. Segundo o autor, foram mais de 30 marretadas.

Daniel e o outro menor contaram na DP que colocaram Murillo na cova e começaram a cobri-lo com terra, mas ele ainda se mexia. Quando a vítima tentava virar, eles jogavam mais terra e Daniel desferia mais marretadas. Por conta disso, a polícia acredita que a causa da morte de Murillo possa ter se dado por afogamento por terra, mas somente laudos do Instituto Médico Legal (IML) poderão comprovar esta hipótese.

Depois que a vítima morreu, Daniel e o adolescente terminaram de enterrá-lo e colocaram alguns pedaços de madeira e pedras para cobrir o corpo. Daniel teria se limpado em um estabelecimento próximo, vestiu-se e foi para um churrasco encontrar a namorada, onde também estava a namorada de 14 anos do outro jovem.

Chegando lá, algumas pessoas ainda notaram que havia um pouco de terra nos pés dele e também nas mãos, e teriam questionado o motivo daquilo. Daniel teria respondido que só ele sabia o motivo, mas que havia acabado de fazer o que “precisava ser feito”.

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O assassinato de Murillo Casarin teria sido motivado por ciúmes

COMO OS FATOS PASSARAM A SER CONHECIDOS

Algumas horas depois, a família de Murillo começou a ficar intrigada sem o retorno do rapaz para casa. Encontraram, então, uma conversa aberta no Facebook dele, onde ele estava combinando o encontro com a prima. Com isso, na manhã de domingo outros familiares passaram a pressionar a garota para que ela contasse o que tinha acontecido.

Inicialmente, ela negou ter encontrado Murillo. Porém, uma terceira pessoa apareceu garantindo ter visto ela, a segunda garota e Murillo saindo do ônibus próximo ao Caic, no jardim Califórnia. Com esta informação, a prima acabou contando o que tinha acontecido e passou a ser ameaçada por Daniel.

Por volta das 21h de domingo a Polícia Militar foi acionada e foi registrado um boletim de ocorrência por ameaça. No B.O., a prima relata como os fatos se deram e que o namorado teria contado onde o corpo estava, e, ainda, que estaria a ameaçando de morte, caso ela contasse algo para a família ou para a polícia.

A partir de então buscas começaram a ser feitas no matagal e a PM constatou que durante este período Daniel ligou diversas vezes para a namorada, a qual não quis atender o celular.

Por volta das 3h30, quando os policiais estavam no matagal, em certo local encontraram uma bananeira cortada e marcas de terra recém cavoucadas. No interior da cova, notaram que havia um corpo humano. O IML foi acionado, bem como policiais da DP. Ainda no local em que estava o corpo de Murillo, os pais da vítima, desesperados com o que havia sido relatado pela prima, estiveram no endereço e fizeram o reconhecimento do cadáver.

Nas horas seguintes, a polícia trabalhou rapidamente nas investigações e logo encontrou os demais suspeitos de envolvimento no assassinato. Daniel foi preso e a prima, a outra garota e o namorado de 16 anos foram apreendidos. Todos deram seus depoimentos, mas Daniel confessou o crime e contou os detalhes de como tudo ocorreu.

Durante a coletiva de imprensa nesta segunda-feira, por vezes ele demonstrou arrependimento, dizendo que iria pagar pelo seu ato, ficando preso alguns anos e depois seguiria sua vida. Em outros momentos, ele dizia que Murillo teve o que merecia, já que era estuprador. Informação negada veementemente pela prima, visto que antes nunca nenhum crime de estupro ou abuso teria sido relatado ou registrado contra a vítima.

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INQUÉRITO

Conforme explicou o delegado, João Marcelo Renk, todos os suspeitos devem responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Já Daniel, além destes crimes, responderá também por corrupção de menores.

OUTROS CRIMES

O autor confesso, foi reconhecido na Delegacia por um crime cometido em março deste ano. Imagens de câmeras de segurança de uma mercearia flagraram a ação criminosa de Daniel assaltando o estabelecimento em posse de uma arma de fogo.

 

 

 

Fotos: Marco Charneski

Publicado na edição 1113 – 17/05/2018

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