Muita gente pra pouca qualidade

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Com cerca de 130 mil habitantes, Araucária tem hoje cerca de cinco mil servidores, contando aí os efetivos e os comissionados. Número que tende a aumentar nas próximas semanas, isso porque está em andamento o processo de contratação de cem novos professores, cento e tantos atendentes infantis, educadores sociais, auxiliares, entre outros gatos pingados aqui e acolá.

Ao ver números como esse, a pergunta que fica é: precisamos mesmo de tantos funcionários assim? Será que não estamos subaproveitando nossa mão de obra? Digo isso porque, quando comparamos a quantidade de servidores de Araucária (1 servidor para cada 26 habitantes) com a de outros municípios paranaenses é fácil notar que a proporção habitante/funcionário é bem menor lá do que aqui.

Num primeiro momento podemos responder a essa estranha equação de maneira simples, alegando que os serviços públicos prestados aqui são bem melhores do que aqueles prestados nessas cidades. Mas a verdade não é bem essa. Vejamos, por exemplo, o caso de Maringá, que volta e meia é utilizada por quem mora aqui como parâmetro para nossa insignificância em termos de desenvolvimento. A cidade tem hoje 397 mil habitantes e cerca de 12 mil funcionários públicos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou seja: um servidor público para cada 33 habitantes. Outro exemplo, São José dos Pinhais, nossa eterna rival: média de um funcionário público para cada 42 de seus quase 300 mil habitantes. Façamos então a comparação com uma cidade do mesmo do que a nossa em termos de população, como Pinhais, aqui mesmo na região metropolitana. Eles têm 127 mil moradores e 3.200 servidores, média de um funcionário para cada 39 cidadãos. E isso porque estamos utilizando como exemplos apenas cidades paranaenses, pois se subíssemos um pouco a comparação para municípios de São Paulo, a disparidade seria maior ainda. Vejamos Bauru, só para ilustrar. Lá, os habitantes 367 mil e os servidores públicos seis mil, média de um a cada sessenta residentes.

Esses números todos nem mereceriam ser citados se a população araucariense estivesse satisfeita com os serviços públicos que lhe são prestados. Mas, infelizmente, o caso não é esse. Quem procura um posto de saúde reclama. Quem aciona a Guarda Municipal se irrita. Quem precisa de uma vaga em Cmei se desespera. O empreendedor que quer abrir uma empresa por estas bandas quase tem uma síncope e por aí vai. Ou seja, se estamos tendo todos esses problemas é sinal de que algo está muito errado nesta cidade. Embora a culpa primeira não seja do servidor, ele tem lá sua responsabilidade, mas isso é algo que precisa ser levantado quando o culpado mor fizer a sua parte. E, o responsável mor neste caso é o gestor. Ele precisa rever a política de gestão de pessoas desta Prefeitura. Precisa refazer o plano de carreira, prezar pela meritocracia. Instituir instrumentos de controle de pessoal em suas repartições, bem como de produtividade, fazer com que o cidadão possa participar também da avaliação do serviço que lhe é prestado e que isso possa influenciar na ascensão profissional do servidor e assim por diante. Tudo isso, obviamente, precisa ser feito com respeito ao trabalhador efetivo de Araucária. Não se deve, no entanto, confundir respeito com leniência, acerto, troca de favores, entre outros acordinhos que sempre nortearam a relação gestor-servidor neste Município.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima.

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