Muito mais médicos!

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Divulgado recentemente, o balanço do primeiro ano do Programa Mais Médicos mostra que a iniciativa foi bem sucedida. Segundo dados do Ministério da Saúde, atuam no programa 14.462 profissionais, distribuídos em 3.785 municípios com maior vulnerabilidade social e em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. A maioria dos médicos participantes, 11.429, é cubana; seguidos por 1.846 brasileiros e 1.147 intercambistas de diversas nacionalidades. Neste primeiro ano de atendimento, 174 profissionais desistiram de atuar no projeto. A maioria dos que deixaram o Mais Médicos é representada por brasileiros, que totalizaram 144 desistentes, seguidos por 19 cubanos e por 11 intercambistas. A maior repercussão deu-se no caso da médica cubana Ramona Rodríguez, ocorrido em fevereiro de 2014. Ela abandonou seu posto de trabalho no interior do Estado do Pará, alegando discordar das regras impostas aos médicos cubanos, que são trazidos mediante um acordo de cooperação Brasil-Cuba, intermediado pela Organização Pan-Americana de Saúde(OPAS), órgão vinculado às Nações Unidas-ONU. Na época, os médicos vindos da ilha recebiam 1.000 dólares americanos (R$ 2.701,00), enquanto os demais médicos do programa ganhavam R$ 10.000,00. O restante dos 10 mil reais pagos pelo governo brasileiro ia para o governo cubano, que afirmava repassar parte à família do médico atuante no programa. Alguns meses depois de sair do Mais Médicos, Ramona Rodríguez foi para os Estados Unidos. As informações do programa estão disponíveis na internet, http://maismedicos.saude.gov.br, em página mantida pelo Ministério da Saúde. As críticas ao programa diminuíram muito, considerando-se o elevado volume que atingiram na sua implantação. Algumas reportagens e manifestações favoráveis ao atendimento prestado pelos médicos do programa foram veiculadas recentemente, mostrando que a população atendida aprova a atuação dos profissionais. Tive a oportunidade de observar diretamente o programa quando um colega precisou de atendimento médico, após sofrer uma queda de moto. Ele foi atendido rapidamente e, segundo ele, de forma eficiente e convincente, no Centro de Saúde do município de Cerro Azul. Conversando com moradores da Ribeira, também ouvi manifestações favoráveis à qualidade do atendimento prestado pela médica que o atendeu. Meu colega, felizmente, havia sofrido mais pelo susto do que por lesões maiores e fiquei satisfeito em poder avaliar o Programa Mais Médicos. Nos anos 80, quando eu trabalhava como extensionista da ACARPA/EMATER-PR, o vale do Rio Ribeira era conhecido pelos baixos indicadores sociais e foi animador ver um médico atendendo permanentemente pelo SUS. Ainda precisamos estruturar os serviços e os equipamentos de saúde em todos os recantos deste nosso imenso Brasil, mas o atendimento básico do profissional médico é um bom começo. E mais, além de tomar remédios, todos os brasileiros precisam ter acesso à moradia, educação, trabalho digno, saneamento básico, acesso às diferentes formas de expressão cultural e aos demais direitos inerentes à pessoa humana. Enquanto isso não ocorre, faço coro ao povo antes desassistido que pede muito mais médicos para atendê-lo, até que o progresso efetivamente os acolha. Enquanto não tivermos médicos brasileiros para atender todas as regiões, não importa que venham estrangeiros para o programa. Estes, por óbvio, estão sujeitos as normas de seus países e isso é problema deles.

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