Não confunda unificação, com extinção, cara-pálida!

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Em O Popular da última quinta-feira, 25 de agosto, dei minha opinião sobre a unificação das secretarias de Cultura com a de Esporte. Disse considerar adequada a ideia, até porque acredito que não é possível uma cidade com 120 mil habitantes ter incríveis 22 secretarias. Como disso, é muito cacique pra pouco índio.

Minha opinião gerou certa revolta entre aqueles que pensam ser os sabidões da área cultural do Município. Pessoas que, é preciso reconhecer, sempre atuaram neste meio, mas que parecem ter dificuldades em enxergar o que acontece um palmo à frente do nariz.

 

Esses caras-pálidas parecem não entender que a palavra “unificação” é diferente de “extinção”. Ora, em nenhum momento nesta celeuma alguém disse que a Secretaria de Cultura ou de Esporte seriam extintas. Falou-se em unificação e, unificação, se bem feita, é essencial para um Estado mais eficiente. Isso porque, a atividade-fim das áreas de Cultura, Esporte (e no caso nosso, Turismo e Lazer) permanece preservada. O que se reduz é o número de burocratas, os gastos administrativos e coisas do gênero. Justamente aquilo que não interessa ao cidadão, que é para quem o serviço público precisa ser pensado.

 

Os benefícios da unificação são tão claros que, tenho convicção, só é contra isso aqueles que têm um pouco de dificuldade de interpretação ou os que já foram beneficiados pessoalmente por essas estruturas e, no fundo, ainda pretendem voltar a ser. Por exemplo, gente que já foi secretário por mais de uma década e que sonha em voltar para o posto, não para fazer um bom trabalho, mas sim para se apegar na teta novamente. Ou, quem sabe, gente que não trabalha naquilo que gosta e que, dependendo de quem é o governante do Município, consegue ser emprestado, ao arrepio da lei, de seu órgão de origem para fazer aquilo que pensa saber fazer numa quase ineficaz pasta de Cultura.

 

Aqueles que não gostaram de minha opinião também me acusaram de não ter participado da construção dos debates que resultaram nas leis do Sistema Municipal de Cultura e do Plano Municipal de Cultura. A primeira é de 2011 e a segunda de 2014. Ao contrário do que eles pensam, acompanhei a elaboração de ambas, mas o fiz não como partícipe de sua elaboração e sim como cidadão, lendo matérias a respeito, presente nas sessões plenárias da Câmara que as aprovaram e assim por diante. Mas, digamos que nem isso eu tivesse feito. Quer dizer então que eu estou automaticamente proibido de expressar minha opinião sobre qualquer assunto que envolva Cultura neste Município? Que lei ditatorial é essa? Ora, meia de dúzia de pseudo-entendidos de Cultura, quem vocês pensam que são para se julgarem donos dos rumos da política  de cultura araucariense?

 

Prezados, o Plano Municipal de Cultura realizou onze fóruns regionais, que tiveram a participação de 242 pessoas. Quer dizer então que os outros mais de 120 mil araucarienses não podem mais dar opinião sobre o assunto em Araucária porque não foram nessas reuniões? É isso mesmo que vocês pensam? Valha-me Deus com tamanha presunção! Vocês estão completamente equivocados.

 

Há que se dizer ainda que em meu texto a favor da unificação deixei claro que a luta deveria ser não pela manutenção de secretarias e sim para que a nossa população tivesse efetivas políticas públicas de cultura e esporte. Usei a palavra efetiva porque é fato que o tal do sistema e do plano de cultura existem, mas existem só no papel, caras-pálidas! E tudo o que está só no papel não é uma política pública efetiva. Política pública efetiva é aquela que está incorporada ao dia a dia do cidadão, seja ele morador do Campina da Barra ou do Capela Velha. De General Lúcio ou do Gralha Azul!

 

Infelizmente, política pública efetiva não é o Sistema de Cultura e o Plano de Cultura da meia-dúzia dos pseudos-entendidos de Cultura da terra dos pinheirais. E tanto não é que teve gente que bradou contra o meu texto acusando a atual administração de tê-la deixado de lado. Ora, política pública que a gestão seguinte consegue tornar catastrófica nunca foi política pública. Não passou de uma política de governo. Política pública de verdade é aquela que ultrapassa gestões e que nenhum governante é capaz de interromper, como o SUS, por exemplo. Com todas as dificuldades, entra governo sai governo, ninguém ousa mexer com o SUS e quando sinalizam isso são obrigados a recuar rapidamente. Outro exemplo é a universalização do ensino. De novo, mesmo com todas as dificuldades, ela é uma realidade e não há gestão que retroceda nesse sentido.

 

Dito isto, considero uma pena que o prefeito Rui Sérgio Alves de Souza tenha retrocedido em sua iniciativa de unificar as secretarias. Ao fazer isso, ele mostra, penso eu, despreparo emocional para lidar com sectaristas culturais. E, mais ainda, mostra que tem dificuldade de entender que ao gestor público cabe a missão de pensar sempre no bem maior, naquilo que irá beneficiar sempre a coletividade e não certos grupelhos. Uma pena, Rui!

 

Comentários são bem vindos. Até uma próxima

Compartilhar
PUBLICIDADE