No calor da batalha

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O período eleitoral assemelha-se a fragorosa batalha de uma guerra, conforme vimos no recente pleito presidencial. Lembro bem de um ditado que os antigos, os quais infelizmente haviam vivido durante a última grande Guerra Mundial, repetiam com frequência: “Em tempo de guerra, mentira é como terra.”. A sociedade brasileira vem sendo aperfeiçoada e o povo cada vez mais é esclarecido, a partir da democratização da informação e acesso mais fácil à educação formal. A circulação imediata de informações sobre qualquer área é um ganho fantástico e torna a possibilidade de evolução muito mais fácil de ser concretizada. Porém, é necessário que tomemos cuidado para não sermos intoxicados por tamanho volume de informações e pelos interesses que, boa parte das vezes, estão ocultos em motivações que parecem louváveis. Lamentavelmente, parece-me que está se criando um clima destinado a levar os brasileiros a acreditar que vivemos em uma situação de descontrole nunca antes experimentada, o que não é verdadeiro. É óbvio que os fatos apurados durante o episódio apelidado de Mensalão e agora no recente escândalo de corrupção na maior empresa brasileira, a Petrobras, são de extrema gravidade. Os fatos devem ser apurados até que os culpados sejam julgados, condenados e obrigados a cumprir a pena que receberem. No entanto, somente será um aperfeiçoamento democrático se todo o processo ocorrer dentro da legislação vigente. Os juízes, ministros e a própria polícia não podem agir como se estivessem procurando a espetaculosidade e devem ficar restritos à aplicação das leis vigentes em nosso país. O colunista Rogério Waldrigues Galindo lembrou que, há trinta anos atrás, o jornalista Jânio de Freitas antecipou em sua coluna o resultado da licitação de cada lote das obras da Ferrovia Norte-Sul. Com precisão absoluta, Jânio de Freitas apontou o lote que tocaria à cada uma das empresas: Queiroz Galvão, Camargo Correa, Mendes Junior e Odebrecht além de várias outras empreiteiras. Ninguém foi preso e tudo ficou por isso mesmo. Galindo ainda observou que durante as 3 décadas seguintes o jogo pode ter continuado nas mesmas bases. Não me parece razoável acreditar que tenha decorrido um período de 30 anos de total e cândida pureza no meio político-empresarial. Tomadas as cautelas necessárias, devemos apoiar as investigações e torcer pela punição dos culpados sem que o clima de guerra tome conta da sociedade. As eleições já passaram, as instituições brasileiras estão funcionando normalmente e, mais do que nunca, culpados estão pagando caro por seus erros. Inúmeros figurões, tidos por muitos como inatingíveis, têm usado as “pulseiras grudadas” e frequentado as dependências da Polícia Federal mesmo contra sua vontade.

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