Nos percursos de uma lembrança

(Ônibus da Empresa Araucária, fundada pela família Franceschi na década de 1930. A foto é de 1960).
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Historiar sobre os primeiros tempos do transporte coletivo em Araucária se dá pelo acesso a memórias que emergem de um grupo, que do ir e vir de suas viagens, pode relatar sobre períodos de muitas dificuldades e transtornos. Hoje em dia, certas narrativas podem até soar como pitorescas, porém, é fato que principalmente para os trabalhadores envolvidos nesta atividade, entre eles motoristas e cobradores, não foram períodos nada fáceis.

Dos meios de transporte público no Brasil nos dias atuais, o ônibus é o que mais se destaca. Ele “aposentou” os trens devido a opção do país em investir em rodovias, o que ocorreu aliado à crescente entrada de grandes fabricantes de automóveis a partir da década de 1950. Desde então, foi se construindo no imaginário popular a sensação de que a rodovia era um fator de modernidade, enquanto a “ferrovia virava símbolo do passado”.

Em nossas referências documentais para tratar deste tema a nível local, infelizmente ainda temos poucas entrevistas, sendo que nossa intenção é ampliar este acervo. Nosso principal material arquivado atualmente são fotos que caprichosamente foram tiradas para recordação de momentos, de situações e lugares especiais. Na maioria das fotos ganha destaque o ônibus como “símbolo de modernidade”, acompanhado por seu condutor, emoldurando uma lembrança de trabalho, tradicionalmente encontrada em acervos pessoais de quem exerceu ou ainda exerce a profissão de motorista de ônibus.

Sobre a Empresa Araucária, Antônio João Franceschi, relata mencionando sobre seu pai Luiz Franceschi, fundador da empresa Araucária :

(…) “O pai trabalhou na empresa, como proprietário e motorista, por 15 anos, até 1949, quando vendeu aos filhos, Vitório, Pedro e José. A organização tinha o nome de Empresa Curitiba-Araucária.”(…)

(…) “Em nossa cidade fundou a linha Curitiba à Araucária, em 1934, contando com os horários de partida às 8:00 horas e retorno às 16:00 horas, sendo o pai o próprio motorista”.(…)

(…)“Quando a empresa ainda pertencia a meu pai, trabalhei primeiro como cobrador, depois fui mecânico em seguida passei a motorista.” (…)

(…)“Quando chovia as viagens eram difíceis. As estradas viravam puro barro e o trajeto relativamente pequeno (25 quilômetros) demorava de 5 a 8 horas”. “ (…) Era preciso usar correntes nos pneus e muitas vezes os passageiros tinham que descer para ajudar a desencalhar e empurrar o ônibus.(…)
(in : TRAUC­ZYNSKI, Cezar. Coluna Gente que fez, gente que faz. 2000)

 

Texto: Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono

Publicado na edição 1126 – 16/08/18

 

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