O amor, a única lei

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Os rabinos do tempo de Jesus, estudando a Bíblia, tinham chegado a compor uma lista dos mandamentos nela contidos. Ensinavam que o conjunto dos preceitos era de 613. Desses, 365 (como os dias do ano) eram proibições e 248 (como os membros do corpo), eram ações a serem cumpridas. As mulheres tinham sorte, porque eram obrigadas a observar somente as proibições. Os guias religiosos de Israel ensinavam que todos estes mandamentos tinham a mesma importância e eram igualmente obrigatórios; discutia-se, porém, qual fosse o primeiro e o maior de todos. A opinião comum era que o preceito do sábado valia mais do que todos os outros juntos. Havia também quem colocasse em primeiro lugar o amor a Deus e ao próximo, ou, somente ao próximo. Todavia, por ‘próximo’ entendia-se somente os membros do seu próprio povo.

Encontramos diversas passagens na Bíblia nas quais Jesus pratica o bem no dia do sábado, deixando os guias religiosos muito furiosos. Por vezes, parece que ele agia assim de propósito, mas com certeza, com o único objetivo de mostrar que o ser humano está acima da lei. Quando a lei não favorece a pessoa, ela não tem razão de existir. Esta era a ótica de Jesus, preocupado com o bem estar do individuo, a ponto de dizer: ‘o homem não foi feito para o sábado, mas o sábado foi feito para o homem’. Se esta lei não favorece a sua plena realização, ela deve ser abolida. Estas posições de Jesus mexiam com os fariseus e os guias religiosos, e foi uma das razões da sua condenação, acusando-o de ser um infrator da lei.

A grande preocupação de Jesus é com a realização plena e a felicidade de cada pessoa. Para ele, a justiça e a misericórdia estão acima do sacrifício, de toda forma de cumprimento da lei pela lei, simplesmente porque está escrito no papel. Não é que ele condene a doutrina, as normas, os preceitos, os sacrifícios, mas se elas não levarem ao amor, sobretudo, para com aqueles mais frágeis e necessitados, elas não tem razão de existir. Jesus é um apaixonado pelo ser humano, e quer que ele viva plenamente. Quando existe uma lei que o sufoca, que o limita na sua liberdade, na sua plena realização, ele tira a sua força e a sua validade. A lei pela lei, que não ajuda no crescimento da pessoa, não tem razão de existir.

Existe somente uma lei, para a qual Jesus dedica todo o tempo da sua vida, a defende de corpo e alma: o amor a Deus e o amor aos irmãos. O amor é a base de tudo, é a lei que resume tudo. Podemos fazer tudo, dizia São Paulo, falar línguas, conhecer todas as ciências, mas se não tivermos amor, somos como um címbalo que toca. Ou seja, estamos vazios do sentido e da razão profunda da nossa existência. O amor, entendido como caridade, como doação, como entrega, e não apenas como um sentimento passageiro.

Nós amamos a Deus quando nos mantemos numa religiosa escuta da sua Palavra e vivemos como ele indica. Os momentos de oração se destinam a dar alguma coisa para Deus, mas para manter-nos na disposição de cumprir a sua vontade. Para amar a Deus é preciso prestar atenção e ter disponibilidade para responder em quaisquer circunstâncias às necessidades do irmão. Isto é mais importante do que o cumprimento de qualquer lei. Podemos amar a Deus, somente quando amamos o homem, o nosso irmão. Quem diz que ama a Deus e odeia o seu irmão, é um mentiroso, afirmava o próprio Jesus. Se cumprirmos todas as leis da Igreja, todos os seus preceitos, mas não amarmos o nosso irmão, não teremos entendido aquilo que é a essência de toda lei: o amor a Deus e o amor aos irmãos.

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