O protagonismo da mulher empreendedora nos anos 60

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O protagonismo da mulher empreendedora nos anos 60

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO – 130 ANOS

O distrito de Guajuvira é uma das regiões rurais mais tradicionais de Araucária. Colonizada por poloneses e italianos no século 19, foi durantes muitas décadas um polo importante para o desenvolvimento da cidade.

Em 1891, passou a funcionar na cidade uma estação da linha de trem que ligava Curitiba a outras regiões do Paraná, indo até o estado de São Paulo. Havia ali uma agência dos Correios, a fábrica de palha, uma olaria, a imponente sede da Sociedade Guajuvirense e o primeiro Armazém de Secos e Molhados, construído numa esquina, às margens do Rio Iguaçu, no ano de 1916 por Henrique Mares.

Hoje os tempos áureos de Guajuvira fazem parte da história, mas o armazém resistiu, prosperou cada vez mais, e ainda é um importante ponto comercial que vende de tudo um pouco, frequentado por turistas e moradores da região. Tudo isso graças ao gerenciamento e empreendedorismo de Tereza Nalepa Czaikowski, 74 anos, que desde a adolescência trabalha no armazém adquirido pelo seu pai Francisco Nalepa em 1958.

O primeiro imóvel era de madeira, depois foi vendido para os irmão Brunato que construíram o prédio atual. “Quando surgiu a oportunidade meu pai adquiriu o armazém, que passou a se chamar Comércio de Secos e Molhados de Francisco Nalepa, mais tarde com a ampliação nós mudamos o nome para Comercial Iguaçu”, explica Tereza.

Segundo ela, quando comprou o estabelecimento seu pai continuou trabalhando com a venda de cereais, insumos agrícolas e lenha para indústria de panificação. Francisco construiu um galpão próximo ao comércio, para armazenar os produtos e com o caminhão viajava para fazer as entregas. “Minha mãe e minha irmã cuidavam da mercearia, e os demais irmãos trabalhavam na lavoura, quando a minha irmã casou eu passei a cuidar do negócio, isso com 12 anos de idade”, relembra.

Tereza estudou na escola Isolada Ypiranga e na escola do Guajuvira. “A vida era mais simples e tudo muito precário, para o centro de Araucária ou de Curitiba, nós íamos de Maria Fumaça. A viagem durava umas duas horas até a estação final”, relembra.

Na juventude Tereza frequentava bailes sociais, festas de igrejas e adorava o carnaval, sempre acompanhando o pai que também era músico e integrante do Conjunto Guajuvirense. Foi num desses bailes que ela começou a namorar o futuro marido – Henrique Czaikowski, 79 anos. “Eu já conhecia o Henrique aqui da região e ele tocava clarinete no grupo musical do meu pai, foi amor à primeira conversa”, brinca Tereza. Ela, assim como o pai e o marido, tinha veia musical e sempre que podia os acompanhava nas apresentações ao vivo na Rádio Cambiju.

“Quando casamos, eu comecei a trabalhar com o meu sogro, no comercio de cereais, fazendo viagens até o porto de Santos e a Tereza, além de cuidar do armazém, era responsável pela contabilidade e emissão de notas fiscais para o transporte”. Depois do falecimento do sogro, Henrique dedicou-se ao armazém junto com as esposa.

São 52 anos de união e três filhos – Marco Antonio, Angela Maria e Ana Paula. É bonito ainda ver os olhares de cumplicidade, o carinho e o respeito com que se tratam, e o amor que cultivam pelo lugar onde nasceram. “Aqui é o nosso lugar no mundo e nós não trocaríamos por nenhum outro, por mais dificuldades que já enfrentamos, isso só nos fortaleceu como família”, diz Henrique emocionado.

O protagonismo da mulher empreendedora nos anos 60

Percalços

Vivendo há mais de 70 anos às margens do Rio Iguaçu, a família sofreu com três grandes enchentes, em 70, 83 e 95. A pior foi a de 70, quando o nível do rio chegou a um metro de altura dentro do imóvel, causando muitos prejuízos.

Outro acontecimento que marcou profundamente a vida da família e de todo o distrito foi no dia 08 de dezembro de 1988, quando um trem carregado de combustível descarrilou, tombou e explodiu, matando duas pessoas e ferindo outras. “O acidente aconteceu perto do armazém, com medo nós corremos para um lugar mais alto e de lá conseguíamos ver tudo pegando fogo, foi uma tragédia sem proporções”, relembra Henrique.

Ponto Turístico

No início do armazém de secos e molhados a família comercializava alimentos, embutidos, bebidas, tecidos, chapéus, roupas, calçados e alumínio. Hoje o Armazém Iguaçu é um mercado com grande variedade de produtos, açougue e lanchonete. Serve refeições diárias e aos finais de semana carnes assadas e saladas. É ainda, ponto de parada obrigatório do Circuito de Turismo Rural, para a degustação do famoso pastel de ricota.

O casal passou o controle do negócio para o filho Marco Antonio, que junto com esposa Adriana e a filha Ana Tereza administram o armazém, de domingo a domingo, entretanto dona Tereza ainda não desapegou completamente, ela acorda cedinho e abre o armazém até o restante da família chegar, e no dia a dia ajuda em tudo que for necessário. “Para mim é um prazer trabalhar, eu cresci aqui e fiz junto com meu marido o armazém prosperar, enquanto eu tiver saúde vou continuar ajudando minha família”.

Texto: Rosana Claudia Alberti

Foto: Everson Santos

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