O Roncador!

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Dificilmente acordo durante a noite. Meu sono é pesado. Hoje, porém, fui despertado por um barulho constante e característico. Olho para o lado e minha companheira dorme como um anjo. Não é ela. Olho pela janela e ainda está escuro. O barulho continua. Volto então minha atenção para o canto do quarto e lá está o motivo da barulheira: Spike!
Spike é um Dachshund, um linguicinha, nosso cachorro de estimação. Bem acomodado no canto do quarto, ele dorme e…ronca, mas ronca muito alto. Numa voz abafada, chamo a atenção de Spike. Ele levanta um pouco a cabeça, me olha com uma cara como quem diz “como ousas atrapalhar meu sono” e volta a enfiá-la sob o seu edredon. Desde que o apresentamos ao edredon, ele não o dispensa para dormir.
Passam-se alguns minutos, ainda não consegui pegar no sono novamente e vejo o edredon de Spike fazendo um leve movimento para cima e, em seguida, o barulho característico novamente. O sacana do cão está roncando novamente. Prefiro não incomodar o sono de Spike mais uma vez e venho para de frente do computador, afinal tenho algumas coisas para escrever. É onde estou agora e mesmo com o fone de ouvido ainda o ouço ao fundo. O cachorro segue roncando.
Não me lembro ao certo quando Spike começou a roncar. Mas sua presença em nossa casa nos faz tão bem que torço para que ele ronque por muitos anos ainda. Paco, é como também chamamos Spike, está conosco há dois anos. Antes disso, esteve outros oito, talvez nove anos na casa de minha esposa. Ou seja, ele é um cão idoso. Logo quando veio morar com a gente passamos alguns perrengues com ele. Spike não comia, não conseguia fazer xixi e emagrecia muito rápido. Atendido pela amiga e veterinária Karla descobrimos que o sacana estava com uma pedra na bexiga. Operado, a danada foi retirada, tinha o tamanho de uma bola de gude. Para um cachorro linguicinha, sem dúvida, é muita coisa.
Paco ficou bem por algumas semanas, mas logo o problema voltou. Novamente, Santa Karla o atendeu e sacramentou que o caso agora era renal. Mais uma ecografia e lá estava uma grande pedra no pequeno rim do sacana. Na mesa de cirurgia, os médicos não conseguiram tirar a pedra. Ela era muito grande. Optaram então por extrair o rim todo. Assim como os humanos, os cães têm dois rins, então seria possível viver apenas com um. Infelizmente, no caso de Spike, o órgão que sobrou também tinha uma pedra. Foram dias difíceis. Pensei que perderia meu companheiro. Mas o sacana mostrou um poder de recuperação emocionante e inspirador. Passado alguns meses, ao levá-lo ao dentista, a veterinária disse que seria preciso que Paco fizesse uma remoção de tártaro e, dependendo das condições, remover alguns dentes.
Terminado o procedimento, a veterinária me mostra um potinho com incríveis doze dentes extraídos do sacana. Como cães têm 42, meu banguelinha ficou com apenas trinta. Veio latindo fofo da clínica, mas – novamente – e de maneira espetacular, ele superou mais esse percalço. Ter Spike em casa é inspirador. Minha digníssima me conta que, todas as segundas e quintas, quando, ali por volta da meia noite chego do jornal e mal estaciono o carro na garagem, ele corre para próximo da porta e quando a abro lá está ele com seu rabo balançando numa incrível velocidade. Sacana, ele corre de lá para cá e depois vai em direção ao seu pote de ração, pedindo que eu o alimente. Só sossega quando coloco a comida em minhas mãos para que ele possa comer. Feito isso, ele se espreguiça, toma água e vai para o quarto, fica alguns minutos acertando com as patas a sua cama e só então dorme. Na maioria das vezes não ronca. Hoje, no entanto, decidiu fazê-lo. Sem problemas, prefiro ser acordado pelo barulho do Spike do que acordar e não ter o Spike! Até semana que vem!

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