Paixões

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Com os ares benfazejos da democracia soprando, cada dia mais desenvoltos, nos tornamos mais apaixonados nos julgamentos emitidos. As ditas programações interativas dos grandes meios de comunicação, põe à disposição do público números telefônicos e outros canais para que votemos pela eliminação ou manutenção de supostas personalidades em um determinado “reality show”. Parece até que a democracia direta é de simples implementação e de aplicação imediata em todos os setores de nossas vidas. Ato contínuo, as autoridades públicas e os erros que cometem são expostos à exaustão, fazendo parecer que basta manifestarmos nosso descontentamento para que tudo tome o rumo desejado. Tentam nos convencer de que todos sabemos, de imediato, o que precisa ser feito para sermos uma sociedade justa e desenvolvida. Vejo isto nas exigências de afastamento dos atuais governantes eleitos para os cargos de Presidente da República e Governador do Estado do Paraná, que surgem nos pedidos de impedimento que lotam as redes sociais. Não há dúvida de que os descalabros ocorridos na Petrobras depõe contra a Presidenta que dizia pretender fortalecer a empresa. Também, a dívida de mais de 1 bilhão de reais com fornecedores e as medidas propostas para equacioná-la são incompatíveis com o discurso do candidato que afirmava haver saneado as finanças do Paraná em seu primeiro mandato. A presidenta precisará convencer a opinião pública e seus eleitores de que tomará medidas para cumprir as expectativas criadas por suas promessas e o governador terá que se desvencilhar da enrascada em que se meteu sem alegar escassez de recursos. O Paraná foi o estado que teve o maior aumento de Receita Corrente nos últimos tempos e medidas mais coerentes precisam ser adotadas. Porém, ao menos por enquanto, não há nada que lhes retire a legitimidade do mandato obtido nas urnas. O regime democrático é nosso melhor caminho e precisa ser aceito como tal para que continue vigendo. As paixões não podem nos comandar, como já alertou René Descartes: “…vemos também que os animais são muitas vezes enganados por meio de engodos, e que para evitar pequenos males precipitam-se em outros maiores; eis por que devemos servir-nos da experiência e da razão para distinguir o bem do mal e conhecer seu justo valor, a fim de não tomarmos um pelo outro e não nos entregarmos a nada com excesso”. É ótimo que continuemos a opinar e participar. Tenhamos claro que a vida não é um “Reality Show” e contribuamos efetivamente para o aperfeiçoamento da democracia no Brasil, através de uma participação madura e consciente.

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