Perto do limite

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A violência desenfreada e cada vez mais intensa acaba provocando um fenômeno nada desejável — habituamo-nos com as notícias de pessoas assassinadas. Por conta da frequência com que estes crimes fatais ocorrem, as pessoas acabam achando normal e, se não for com alguém muito próximo, passa quase despercebido. Dá para medir isso facilmente pela repercussão das notícias de capa do jornal. Certa vez noticiamos que um jovem havia sido morto a pedradas no meio da rua. Na semana seguinte noticiamos que alguém havia abandonado uma ninhada inteira de filhotes de cachorro dentro de uma caixa, também no meio da rua. Absurdamente, o caso dos cãezinhos teve mais do que o dobro de compartilhamentos nas redes sociais.

Uma coisa são as pessoas comuns terem este sentimento e tocar suas vidas sem se alterar por isso. Outra são as autoridades. As polícias têm uma grande responsabilidade, cada uma em seu setor, de prevenir, patrulhar, reprimir e investigar. E, embora esses crimes sejam todos sobre a vida de seres humanos, alguns casos chamam mais a atenção. Os casos de Maria Aparecida Vechia, morta na semana passada, e de José Henrique Pinto, baleado com seis tiros enquanto regava as plantas de seu jardim, merecem destaque (veja reportagem na página 31 desta edição). O que assusta nos dois casos é que estas pessoas, ao contrário de 90% dos homicídios ocorridos na cidade, aparentemente não tinham nenhum envolvimento com drogas ou algo ilícito. E foram mortos em suas casas.

O sentimento popular é de que, nos casos de briga de traficantes, ao matar, a bandidagem acaba fazendo uma limpa e o que sai de cena seria lixo produzido pelo próprio tráfico. Ainda assim não deveria ocorrer, afinal, mesmo bandido, é uma vida. Mas no caso dos dois a polícia precisa fazer um esforço a mais e dar uma resposta rápida à comunidade. Senão, qualquer um pode achar que dá pra sair matando qualquer um por aí, como se estivesse atirando num cachorro. Se chegarmos a este ponto, será o início do fim. Pense nisso e boa leitura.

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