Por que quinze?

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Dia desses fui questionado por um conhecido sobre o que eu pensava a respeito do aumento no número de vereadores em Araucária. Eu disse que considerava aceitável que, ao invés de onze, passássemos a ter quinze. Disse ainda que para as eleições de 2020 entendia correto que esse número fosse reajustado novamente para os dezenove que a legislação brasileira permite por conta do número de moradores que a cidade possui.

Ele me olhou com espanto. Não esperava que minha resposta fosse tão natural. O espanto em seu olhar logo se tornou contrariedade e veio o “você está louco!”, “esses caras não fazem nada”, “em minha opinião tinha é que diminuir”, “eles só servem para torrar dinheiro”, “daí aumentam os vereadores e logo eles vão querer aumentar os cargos em comissão deles”, “essa nossa Câmara custa um fábula por ano!”. Em seguida houve também uma ofensa às pobres mães dos vereadores, mas essa frase eu não vou reproduzir.

Em outros tempos as palavras que saíram da boca daquela pessoa poderiam muito bem ter saído da minha boca, mas a vivência da política local, as leituras sobre o modo como foi constituído o nosso estado democrático de direito, a fé (e aqui não encontro outra palavra para definir esse meu sentimento) na democracia representativa, onde elegemos os poderes Executivo e Legislativo por meio do voto não me permite mais certas leviandades verborrágicas.

Sinceramente, não creio que o problema da nossa cidade é a quantidade de vereadores. Muito pelo contrário, creio que eles são, em boa parte, a solução para os nossos problemas. Em tempos de consolidação de direitos individuais, com nossa Constituição Federal e a redemocratização completando sua primeira geração, acredito sinceramente que é preciso garantir cada vez mais representatividade ao nosso par­lamento, pois é ali, no “parlar” de ideias que se constrói o consenso, tão necessário num regime como a democracia, onde se prevalece a vontade da maioria sem, no entanto, se esquecer dos direitos das minorias.

Logo, ao contrário do que pensa o senso comum, é muito salutar que tenhamos mais verea­dores, que tenhamos um Poder Legislativo mais forte e atuante. Obviamente, isso não quer dizer que eu aprovo o trabalho que os atuais ocupantes das cadeiras de nosso parlamento. Muito pelo contrário. Penso que a grande maioria deles não faz o trabalho para o qual foram eleitos. Isso, porém, não me autoriza a enfraquecer a instituição Poder Legislativo. Se fizesse isso seria o mesmo que eu optasse em fechar uma escola, simplesmente porque ela é incapaz de ensinar direito seus alunos. Ou interromper o atendimento num posto de saúde porque dois usuá­rios do centro faleceram diante da falta de atendimento. Em ambos os casos eu é que preciso melhorar a qualidade do serviço em ambos os locais.

Acredito piamente que o mesmo vale para a Câmara. Precisamos melhorar a qualidade de nossos vereadores (e isso não quer dizer necessariamente que todos eles são ruins), precisamos atrair as pessoas de bem, comprometidas com a sociedade para disputar as eleições municipais e, penso, com mais cadeiras em disputa, com menos votos sendo necessários para se eleger, talvez, essas pessoas se interessem.

É óbvio que precisamos também, no momento oportuno, tão logo superada a discussão quanto as cadeiras da Câmara, discutir também o seu custo, que hoje é estratosférico. É possível sim termos um parlamento mais qualificado, mais representativo, com ele custando imensamente menos do que custa hoje. Isso, no entanto, é assunto para outra ocasião.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Boa semana a todos. Ah, estou escrevendo este texto nas primeiras horas de domingo, 19 de julho. Ou seja, antes de a Câmara discutir em segunda votação o projeto de lei que aumenta o número de vereadores de Araucária de onze para quinze.

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