Profissionais da saúde falam sobre o suicídio

Os transtornos psiquiátricos estão entre as principais causas
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Os transtornos  psiquiátricos estão  entre as principais causas
Os transtornos
psiquiátricos estão
entre as principais causas

Ao mesmo tempo em que é preciso ter muito cuidado ao abordar o suicídio, o debate sobre o tema torna-se cada vez mais importante para a sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os casos de mortes por suicídio, principalmente entre os jovens, aumentaram consideravelmente nos últimos anos. O suicídio muitas vezes é tratado como tabu ou um problema distante da realidade brasileira, mas segundo apontam os profissionais da medicina, ele está bem presente no nosso dia a dia.

E não é preciso ir muito longe para presenciar casos como esse. Em Araucária, dois casos recentes de jovens, cujas mortes supostamente podem ter sido suicídio, acenderam dúvidas sobre quais são as causas que levam uma pessoa a tirar a própria vida.

A psicóloga Salete Saverino, explica que o comportamento suicida é provavelmente a resposta má­xima que uma pessoa, em profundo sofrimento, pode tomar. “A incidência é maior em pessoas com diagnóstico de depressão, dependência química ou ainda com patologias psiquiátricas. Fatores como a perda repentina de alguém querido, as dificuldades financeiras, as doenças incapacitantes e até a perda de emprego, podem ser alguns dos motivos”, observa a psicóloga.

O diretor do Departamento de Atenção Especializada, Luciano Sankari, que tem experiência na área de cardiologia, psiquiatria e educação em saúde, também aponta alguns fatores de risco, entre eles os laços sociais frágeis (separação, conflitos em família), suscetibilidade psíquica, tentativas anteriores de suicídio ou de auto agressão (principalmente quando o jovem vê exemplos nas redes sociais). “É importante esclarecer que a tendência ao suicídio não é hereditária, porém, as doenças psíquicas que muitas vezes levam ao suicídio, como o transtorno bipolar, esquizofrenia e a depressão, muitas vezes são transmitidas de pai para filho”, observa.

Sentimento de impotência

Os profissionais também são unânimes em afirmar que o comportamento suicida está associado com a impossibilidade das pessoas tentarem buscar alternativas para solucionar seus problemas. Estas pessoas enxergam na morte, a resposta de fuga dessas situações de desconforto”, diz a psicóloga.

“A regra é que, antes de pensar em suicídio, a pessoa já entendeu que para ela não compensa mais viver, pois já perdeu todas as esperanças. Não é uma decisão repentina, ela vem alimentando esse sentimento durante um tempo, até tomar a decisão extrema de tirar a própria vida. A pessoa que se suicida não quer se matar, ela quer matar a sua dor”, pontuou Dr Luciano.

O médico acredita que é pouco provável que o jovem que decida pelo suicídio, não tenha dado nenhum sinal para a família, a não ser que tenha desenvolvido um quadro psicótico agudo, nesse caso, ele não dá nenhum sinal. “Não podemos descartar aqui o abuso de drogas, que pode precipitar essa decisão, pelo fato de a pessoa não estar no estado normal”.

Salete acredita que o pensamento suicida aparece com muito mais frequência do que imaginamos, e nem sempre ele é declarado às pessoas que nos cercam. “Temos um número expressivo se suicídio entre crianças e adolescentes e alguns dos motivos podem ser o abuso sexual e físico, os maus tratos, o uso de drogas (entre elas o álcool e ainda a super proteção dos pais, que muitas ve­zes estão focados nas suas carreiras e vidas pessoais, sentem-se culpados por isso e tendem a suprir suas faltas, oferecendo presentes caros aos filhos, Isso acaba dificultando que o jovem amadureça e que venha a desenvolver formas de lidar com suas frustrações. O quadro é preocupante, mais ainda quando as pesquisas apontam que, em poucos anos, a doença mental deverá ter um crescimento maior, podendo ser a primeira causa de mortes por suicídio”, acrescenta a psicóloga.

Alguns sinais alertam para o problema

Os profissionais afirmam que é importante que a família fique atenta aos sinais que, porventura, o jovem com problemas pode deixar transparecer. “Entre estes sinais estão o desenvolvimento de um quadro de mudanças ou alteração de humor, comportamento mais retraído ou mais impulsivo, expressões casuais de angústia, ansiedade, agonia e ainda a qualidade das conversas e postagens que o jovem acompanha nas redes sociais. Quanto melhor for a relação entre pais e filhos, maior serão as possibilidades de saber o que o jovem sente. Não precisa dar lição de moral, mas ouça com atenção o seu filho”, diz Dr Luciano. Ele lembra que problemas de comportamento na escola também podem ser indícios de que o jovem está precisando de ajuda.

O uso de medicamentos para tratar de transtornos psíquicos, conforme observa o médico, é uma medida efetiva, mas não consegue eliminar todos os problemas se a causa estiver ligada a relacionamentos. “É importante que a pessoa busque meios de extravasar suas angústias. As práticas esportivas e culturais são excelentes aliadas, pois permite ao jovem, expressar o que sente”.

Texto: Maurenn Bernardo / Foto: DIVULGAÇÃO

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