Quem pariu Mateus que o embale

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Em certa ocasião, escrevi que o problema da falta de vagas nas creches de Araucária era insuperável. Escrevi ainda que se os gestores municipais fossem realmente inteligentes eles investiriam pesado numa política pública de planejamento familiar, que forçasse – por meio da Educação – que os araucarienses só tivessem filhos quando realmente reunissem condições financeiras e psicológicas para criá-los. Alguns dos que me leram naquela oportunidade disseram que eu estava sugerindo a implantação de uma espécie de controle de natalidade na cidade. Bobagem, falava apenas de planejamento familiar.

Hoje, alguns meses após aquele texto e acompanhando o aumento das reclamações de pais e profissionais da Educação em razão da superlotação dos Cmeis tenho ainda mais convicção do que defendi naquela oportunidade. O problema da falta de vagas nas creches é insuperável, pelo menos em curto e médio prazo.

É óbvio que o Município poderia concentrar cada vez mais recursos públicos para a construção de creches, contratação de atendentes infantis e assim por diante. Isso, porém, exigiria que esses valores fossem tirados de outras áreas. Ah, mandem embora os cargos em comissão, diriam alguns. Concordo, mandemos embora todos os cargos em comissão! No entanto, sinceramente, não queria ver a economia gerada com a demissão de CCs aplicada em vagas de creches. Queria ver esse dinheiro sendo utilizado, por exemplo, na criação de escolas de tempo integral, na promoção social de famílias e assim por diante.

É claro que uma mãe que precisa de uma vaga para o seu filho num Cmei não vai concordar comigo e nem tenho essa pretensão, mas a realidade é essa. Cada centavo investido na construção de uma creche para atender crianças de zero a três anos significa um centavo a menos em investimentos na melhoria da educação a partir dos quatro anos, que é aquela de responsabilidade do Estado, que é aquela que realmente fará a diferença na definição de que Município seremos daqui dez, vinte anos.

De novo, precisamos entender que não iremos zerar a fila por uma vaga nas creches municipais criando mais Cmeis, implantando o vale-creche e assim por diante. Só vamos zerar essa fila quando investirmos em planejamento familiar, mostrando para os pais as conse­quências de se colocar uma criança no mundo nos dias de hoje, fazendo-os entender a relação custo benefício de se ter um filho, explicando que a maior parcela da responsabilidade pelos gastos gerados por um rebento não é do Estado e sim da família e que é preciso levar isso em conta antes de pensar numa gravidez. Até porque, como diria aquele ditado: quem pariu Mateus que o embale!

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima!

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