Queremos a verdade verdadeira?

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A Câmara de Araucária, pode se dizer, não é composta por ignorantes. Temos ali, por exemplo, profissionais do Direito, Engenharia, Medicina. Há também os que, mesmo não tendo um curso superior, têm algo talvez mais importante ainda na defesa do interesse público: experiência. Afinal, há alguns edis com dois, três, quatro, cinco mandatos. É justamente por conta desse know-how que tem me assustado o modo como vem sendo conduzida a tal Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades nos contratos de gestão do Hospital Municipal de Araucária (HMA). Das duas uma: ou é muito amadorismo ou está sendo feito tudo de propósito mesmo!

Um olhar mais atento àquilo que foi produzido até agora não nos leva a outra conclusão senão a de que a CPI irá sim acabar em pizza. Pelo menos que no diz respeito ao seu objeto. Ora, aparentemente não há sequer um cronograma de trabalho sendo seguido pelos integrantes da Comissão. Nas audiências abertas ao público, perde-se mais tempo com alguns vereadores fazendo análises enfadonhas e prolongadas sobre o que eles pensam que está acontecendo do que perguntas aos convocados, ou convidados, sabe-se lá, porque nem sobre isso há consenso ainda. Exatamente: a CPI não sabe se convidou ou convocou testemunhas. E na fase de inquirição dos presentes, claramente, o que se vê é que não há um roteiro. Isso mesmo: não se tem nem uma listinha de perguntas preparadas aos convidados (ou convocados). Isso sem contar que parece não existir meio termo no tom em que os questionamentos são feitos. Ora eles são agressivos demais, feitos com dedo em riste, ora são precedidos de um puxa-saquismo de dar nojo. Os inquiridos são enaltecidos de tal maneira que quase sentimos pena deleS. Isso para não falar das testemunhas que jogam para plateia. Parecem estar num circo, querendo plateia.

Também é estarrecedor o fato de os edis, salvo melhor juízo, não estarem preocupados com a parte técnica dos trabalhos. Afinal, se a CPI é sobre irregularidades num contrato. Logo, é inaceitável que não tenha havido a preocupação de se auditar esse termo. E auditoria num contrato de mais de R$ 30 milhões ao ano é coisa séria. Precisa ser feito por auditores independentes, que pertençam a uma banca sob a qual não pairem dúvidas, com advogados, contadores, administradores e profissionais do gênero. Com todo o respeito, mas esse não é um trabalho que josués, betos, paulos, vanderleis e alexes tenham condição de fazer. Até porque a preocupação maior deles com relação à CPI deveria ser macro.

Isso sem contar que, aparentemente, os edis não se atentaram a um detalhe que faz toda a diferença: a CPI é sobre contratos de gestão. E só há um contrato de gestão firmado desde a inauguração do HMA. Ele é com a Pró-Saúde. É sobre esse acordo que os trabalhos deveriam estar concentrados e não com relação ao contrato emergencial firmado com a Bio-Saúde, que volta e meia vem à baila. É louvável, embora não seja mais do que a obrigação desses senhores, que eles estejam preocupados se o Hospital está ou não funcionando da maneira adequada no momento, mas esse não é o foco dos trabalhos da CPI. E, sem foco, não há resultados satisfatórios. Se bem que…, talvez…, a falta de foco seja justamente o principal foco, já que, desta maneira, não se chega a, com pleonasmo e tudo, “verdade verdadeira”.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima!

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