Razões para viver

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O homem atual, de modo geral, tem medo de pensar na morte. Faz de tudo para manter-se jovem, como se a velhice fosse uma ‘bruxa indigesta’, que é preciso evitar a todo custo. E assim imagina que, rejuvenescido poderá viver longos anos, afastando para longe o perigo daquilo que tanto o amedronta: o fim da vida. Vive como se fosse eterno neste mundo, sem avaliar e pontuar seriamente as razões da sua existência, seus atos, seus sonhos e seus projetos. A vida, mais do que dirigida para valores perenes e para razões mais profundas, simplesmente vai sendo levada, de acordo com os seus impulsos e emoções. E, naturalmente, o vazio interior torna-se cada vez profundo e assustador. Vive então de máscaras, de aparências, valendo por aquilo que apresenta externamente, pelo dinheiro que lhe dá segurança, enfim, por coisas que de certo modo acalmam a sua mente conturbada.

Diante deste quadro nada animador e saudável, faz-se necessário uma parada, nem sempre desejável e agradável. Parece que parar causa medo, pois deverá se confrontar com os seus lados sombrios e mal elaborados. É preciso então abafar, vivendo realidades mentirosas, que aliviam momentaneamente o seu coração inquieto. Viagens, bebidas, prazeres momentâneos e fugazes, dão um ar de paz de tranqüilidade. Ledo engano! Quando tudo isso passa, volta a realidade nua e crua, que o coloca novamente em polvorosa. Mas que sentido tem a vida? Que razões existem para continuar esta vida, que oscila entre momentos tão intensos, porque movidos pelos prazeres passageiros e outros cheios de vazio existencial

Para quem crê a vida só tem sentido quando vivida a partir da fé em algo transcendente, que o move em direção ao outro, a um compromisso de amor gratuito e desinteressado. Ilusão pensar que as coisas materiais poderão satisfazer os desejos escondidos nos recônditos de nossa alma. Eles são apenas fachadas, que encobrem a real razão da nossa vida. O que realmente nos preenche e dá um sentido para essa passagem tão rápida e breve por esse mundo, é o projeto, a missão, aquilo para o qual fomos enviados por Deus para esse planeta. Cada ser humano, cada vida é uma missão, e como bem disse o psicólogo e psiquiatra Victor Frankl: “cada um possui uma missão ou vocação específica na vida. Portanto, ela não pode ser substituída, nem sua missão repetida”.

Como peregrinos por essa terra, caminhamos diariamente para uma terra definitiva, que nós cristãos chamamos de vida eterna. Por isso, faz-se necessário parar, reavaliar a sua vida, ver o que o move, e direcioná-la para aquilo que realmente vale à pena e nos constrói: o amor incondicional aos irmãos. Quem só pensa nos seus interesses egoístas, e, que passa todos os dias arquitetando mais ganhos, numa ganância desenfreada, poderá passar por esta terra sem jamais ter vivido. Será uma vida aparentemente realizada, porque cheia de conquistas e sucessos materiais, mas, jamais vivida na sua plenitude.

As razões da nossa passagem por este mundo se encontram no tempo que eu ofereço a quem precisa de minha ajuda; na alegria de poder servir, se doar, fazer o bem, não importa para quem; no perdão sincero a quem me ofendeu ou desejou o mal; num sorriso que brota do interior, iluminando o ambiente em que se encontra; num simples olhar, carregado de amor e compaixão àquele que está caído no duro solo da existência; em colocar a sua vida a serviço da comunidade e da construção do Reino de Deus. A vida, bem vivida, que vale a pena, é aquela que se abre a serviço de quem dela necessita.

Publicado na edição 1237 – 05/11/2020

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