Seu João, o super-herói araucariense

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Seu João, o super-herói araucariense

 

Araucária perdeu na semana passada um de seus principais super-heróis. Um verdadeiro super-homem, que fazia justiça diariamente. E fazia isto há mais de trinta anos. E, o mais interessante, fez isso, sem jamais ter que aniquilar um “inimigo”, fosse utilizando super força, raio ultravioleta, armas de raio-laser ou coisa assim. Seu João fazia tudo isso apenas com uma caneta e um papel, que juntos formavam a “super certidão”!

O herói em questão aqui é o senhor João Alves da Cruz, ou só Seu João. Oficial de justiça da comarca de Araucária que nos deixou na noite fria de quinta-feira, 8 de junho. Talvez os que me leem agora estejam se perguntando, mas quem é Seu João? Pode até ser que vocês não estejam ligando o nome a pessoa, porém – com a mais absoluta certeza – se não você, um amigo, vizinho ou familiar já viu a justiça sendo feito pelas mãos do nosso super-herói João.

Afirmo que Seu João é um super-herói araucariense porque, ao longo de mais de trinta anos servindo ao Poder Judiciário em Araucária, ele partiu em mais de cem mil missões. Exatamente: em mais de cem mil vezes ao longo de sua vida ele fez justiça em Araucária.
Foi pelas mãos de Super João que a pensão alimentícia de milhares de crianças foi garantida. Foi por meio se sua “caneta certificadora” que centenas de donzelas inocentes foram salvas das mãos terríveis de machões de cozinha. Foi por meio de suas “certidões ultravioletas” que pais e mães que maltratavam seus filhos foram afastados dessas crianças. Foi também o responsável por devolver outros tantos pequenos às mãos de seus responsáveis por meio de mandados de busca e apreensão. Fez justiça prendendo centenas de pais sacanas que não pagavam alimentos a seus rebentos e assim por diante.

Muitos podem considerar que eu estou exagerando, mas não. Foi sim pelas mãos de Seu João que muita justiça foi feita em Araucária. Isto porque, na dinâmica do Poder Judiciário, é o oficial de justiça quem comunica oficialmente as partes num processo sobre as decisões de um magistrado. Obviamente não estou aqui querendo tirar os méritos dos juízes, mas na maioria dos casos as decisões que estes exaram só passam a ter validade após heróis como Seu João comunica-las aos seus destinatários.

No caso específico de Seu João, homem de estatura mediana, mas caráter gigantesco, ser oficial de justiça não era apenas sua profissão. Era sim sua missão de vida. Quantas vezes, no dia a dia do cartório, o procurei para falar sobre a necessidade de cumprir este ou aquele mandado e ele, com a voz baixa, porém firme como uma rocha me olhava e dizia: “já vou cumprir este, Waldiclei. Aqui, para mim, infância é prioridade. Ainda mais quando é mandado de pensão alimentícia. Não se preocupe. Já estou indo”. E ia mesmo! Virava-se, e mesmo sem ter a capa do super-homem, parecia vor ao infinito e além para entregar a justiça a quem é de direito.

Por passagens como essa, Super João merece meu respeito e admiração. Merece o respeito e admiração desta cidade, mesmo daqueles que – por ventura – não tenham ideia de quem ele foi. Na semana passada ele partiu para seu último cumprimento. Foi entregar a Deus o mandado de reintegração de posse de seu espírito ao Criador de tudo e lá deve estar agora, só nos observando! Que Super João esteja bem!

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Uma ótima semana a todos!

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