Situação difícil

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Iéu já passando por situaçón difíce na vida, já tendo que entregar alquere de téra pra agiota, trator pra gerente do banco, safra de batata pra pagar as semente, pagando consulta médica com leitonzinho gordo, conta no armazém do Iskapinski estando com duas cardeneta cheia que inté Iskapinski negando otras compra por falta de espaço pra anotaçón e tendo que comprar alco de posto em troca de leite pra tomar uns trago em casa mesmo, iéu revirava as lata da dispensa pra misturar as quirera do fundo pra fazer almoço, o Padre me tirou da funçón de fazer coleta na igreja com medo que iéu desse desfalque, os amigo quando me vion passavam a mon nas perna pra dizer que nun tinhon nenhum dinhero pra emprestar, os parente nem me visitavon mais porque sabion que iéu non tendo nada pra oferecer pro café. Coisa tava ton difice que iéu pra fazer sopa de galinha tirava umas pena do travessero, poblema que as pena fazion cócega e o até o estômo non parava de rir da minha desgraça. Iéu sentava na varanda e zoiava os cachoro magro, bem, os que ficaron, os outro já tinhom ido percurar comida nos lixo das casa da cidade, o pasto tava ton seco que os cavalo já tavon virando girafa de tando esticar os pescoço pra comer as folha das gavivovera. As vaca soltavon leite desnatado por falta de capim gordura, os passarinho abandonaron o pomar por falta de fruta pra bicar, até os bicho das goiaba foron pedir asilo nos vizinho. Quando iéu iscuitava palma batendo no porton iéu tendo que inventar história pros cobrador, pelo menos iéu dexava criatividade corer solta de tanta mentira que contava, iéu chegando a me disfarçar de Flortcha pra dizer que iéu non estando. Iéu chegando no limite quando as ratazana atacaron minhas butina por falta de quejo fedido que resolveu dar um basta na pobreza miserenta e percurar emprego na cidade, ponhô umas duas muda de ropa e um corta-febre nun saco de batata vistiu uma capa feita de saco de adubo e pintada de amarelon pra servir de sinalizador pra non ser atropelado e foi caminhando pelas estrada puerenta. Se achegando na cidade iéu ficando parado na avenida pra perguntar pras pessoa onde iéu podendo achar um emprego descente que desse pelo menos um meio salário por méis. Viu sujeito entrando no altomóve e quando foi lá perguntar moço abrindo janela e me dando moeda. Iéu non entendeu mais agradeceu. Enton viu outra senhora se achegando perto do caro e quando foi fazer pergunta iéla já abrindo cartera e me dando dois real, iéu achando que povo da cidade tudo tendo bom coraçón. Foi numa camionetona Mistubicha limpa e brilhante e foi ser educado com o motorista e antes de perguntar por emprego iéu falando, bem cuidada a camionete, sujeito acabando me dando cinco real. Ansin sendo dia intero com povo dando moedinha e nota, uns mais otros menos, no fim do dia iéu foi contar quanto dinhero tendo, que aligria, dando quase cem real. Como povo da cidade sendo caridoso. Notro dia iéu voltando no mesmo lugar agora fazendo diferente, quando altomove chegando iéu já dizendo por educaçón que caro sendo bunito e bem cuidado e quando motorista voltando sempre dando ajitório. Uma semana percurando emprego iéu já tendo dinhero pra passar dois méis. Enton pensando, pra que ter emprego se a procura por ele é mais rendosa?

 

Publicado na edição 1096 – 18/01/2018

Situação difícil

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