Sobre ofícios e profissões tradicionais: aspectos e fontes locais

Miguel Grabowski e Antonio Wykrota. Sapateiros na Rua Diogenes Brasil Lobato – 1968
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Sobre ofícios e profissões tradicionais: aspectos e fontes locais
Sapateiro Pedro da Luz Weiber. Sapataria Weiber, Rua Pedro Druszcz, 2012

 

Uma das coleções de objetos em exposição no Museu Tingüi-Cuera que chama muito a atenção dos visitantes, é a que mostra os ofícios e profissões/tradicionais também conhecidos como artífices (artesãos ou operários especializados num ramo de atividade e que produzem algum artefato e ou rea­lizam trabalhos manuais) tais como os ferreiros, seleiros, carpinteiros, alfaiates, costureiras, padeiros, marceneiros e sapateiros. Atualmente, constam em exposição no Museu aproximadamente quarenta e cinco peças que nos remetem a um passado de produção de instrumentos utilitários feitos para tornar mais produtivas e eficientes as atividades do cotidiano da cidade, que em tempos remotos esteve intimamente ligada ao rural e ao doméstico tradicional.

Em Araucária, a execução dos ofícios e profissões tradicionais se intensificou entre o final do século XIX e início do XX, com a chegada de imigrantes europeus. Principalmente a atividade agrícola passou a exigir a produção de enxadas, rastelos, pás, machados, arados, carroças, entre outros objetos. As pessoas também precisaram de quem construísse suas casas e seus móveis, precisaram de quem produzisse alimentos e até mesmo de quem costurasse suas roupas e fizesse ou arrumasse seus sapatos.

Sobre ofícios e profissões tradicionais: aspectos e fontes locais
Miguel Grabowski e Antonio Wykrota. Sapateiros na Rua Diogenes Brasil Lobato – 1968

Sendo assim, enquanto foram aparecendo as roças de trigo, centeio, cevada, etc, surgiram os mais variados tipos de artífices que ins­talaram oficinas e ou exerceram suas atividades na região. Em documentos oficiais, especialmente nos livros de Lançamento de Imposto de Indústrias e Profissões da Prefeitura Municipal de Araucária (década de 1930-1960) encontramos já em 1936, registros da existência de um padeiro, dois sapateiros, cinco alfaiates e quatorze ferreiros atuando oficialmente no município. Observando com atenção no decorrer dos anos, nota-se que as atividades foram exercidas por diversas famílias que persistiram por mais ou menos tempo na atividade. Constata-se também que por vezes este conhecimento foi passado de pai para filho, dando-se continuidade a sua execução, ca­racterística do saber-fazer que é passado de geração para geração e que coloca atualmente a atividade do artífice na categoria do patrimônio cultural intangível ou imaterial.

Resgatar os registros históricos, as lembranças, os ambientes, e as experiências de vida e de trabalho deste conjunto de pessoas, de seus respectivos ofícios e profissões, de alguma forma contribui para dar visibilidade, valorizar os que aprenderam, ensinam e mantiveram conhecimentos tradicionais dos quais ainda necessitamos, mas que o tempo e o progresso insistem em destruir ou modificar.

Texto: Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono

Publicado na edição 1112 – 10/05/2018

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