“Sou sim pré-candidata a prefeita”, avisa Rosane

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Apesar de ser pré-candidata, ela diz que não fará oposição de gralha
Apesar de ser pré-candidata, ela diz que não fará oposição de gralha

Depois de oito anos ocupando cargos eletivos fora de Araucária, Rosane Ferreira (PV) estará sem mandato eletivo a partir do dia 1º de fevereiro. Eleita deputada estadual em 2006, Rosane ficou quatro anos na Assembleia Legislativa. Em 2010, voltou ao fronte eleitoral e conseguiu o mandato de deputada federal, o que a levou ao Congresso Nacional. No ano passado, ela voltou a ser candidata, desta vez ocupando o posto de vice na chapa ao Governo do Estado encabeçado pelo senador Roberto Requião (PMDB). A dobrada saiu derrotada das urnas e viu Beto Richa (PSDB) se reeleger para mais quatro anos à frente do Palácio Iguaçu.

Na manhã desta quinta-feira, 15 de janeiro, Rosane recebeu a reportagem de O Popular na sede do PV de Araucária. Numa conversa de quase duas horas, ela fez um balanço sobre o seu mandato em Brasília. Disse considerar que a atual legislatura nacional foi boa, mas poderia ser melhor se o Congresso Nacional trabalhasse mais. Ela ainda afirmou que a estrutura proporcionada pela Câmara Federal aos deputados faz com que só não faça um bom mandato aquele parlamentar descomprometido.

Sobre seu retorno ao trabalho em Araucária, Rosane disse que ele é, de certa forma, uma volta ao local onde tudo começou. Disse que se sente muito mais preparada do que há oito anos e que é pré-candidata a prefeita em 2016. Leia abaixo os principais trechos dessa conversa.

Balanço do mandato em Brasília

De uma forma geral considero a atual legislatura da Câmara Federal uma boa legislatura. Foram vários os avanços, avanços até na questão do enfrentamento dos problemas de corrupção dentro do Congresso. A Câmara Federal foi muito vigiada pela imprensa e pelas leis de transparência e ela produziu muito para os seus padrões. Leis importantes para o país foram discutidas e aprovadas. É o caso, por exemplo, dos royalties do petróleo, que agora serão divididos entre todos os estados. Imaginem como foi difícil enfrentar os deputados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, que ficavam com todo esse dinheiro, de que a partir de agora esses recursos teriam que ser divididos com todos os brasileiros. A mesma vitória se dá na aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE). Esta é uma lei excelente, quase perfeita, que foi aprovada por nós. É óbvio que agora precisamos garantir que ela seja efetivada. Até a política dos Mais Médicos que discutimos em Brasília foi uma grande vitória, pois ela leva esses profissionais a centenas de cidades que nunca tinha visto um doutor. É óbvio que existe toda uma parte dos Mais Médicos que não está sendo cumprida, que o aumento das vagas e incentivo aos cursos de Medicina para que, em breve, possamos ter esses profissionais formados no Brasil mesmo. Sem contar uma série de outras leis que estavam tramitando na Câmara há anos e que esta legislatura conseguiu fazer com que saíssem do papel. Um exemplo é a gratuidade da emissão da primeira via do documento de identidade. Parece algo simples, mas esta lei dá dignidade para milhões de pessoas, que não tiravam o RG porque não tinham dinheiro para pagá-lo.

Sociedade de olho

Não tenho dúvidas de que a imprensa é o principal meio de pressão da Câmara Federal. E só o é porque a população tem muito interesse em assuntos sobre corrupção. A sociedade está muito interessada em saber sobre casos de desvios de recursos públicos, mas é preciso também que façamos a correlação do prejuízo que a corrupção causa às cidades. Por exemplo, a sociedade tem que se indignar e lembrar sempre quando ouve que um ex-diretor da Petrobras aceitou devolver R$ 240 milhões desviados e que esse dinheiro é o mesmo que o orçamento anual somado de 35 cidades do Paraná. Isso é um absurdo.

A Rosane que volta

Depois de oito anos fora, a Rosane que volta para Araucária é uma Rosane muito mais preparada. Hoje eu tenho uma noção de Estado e país e sei das possibilidades de nossa cidade. E hoje eu estou muito mais preparada para brigar por aquilo que é de direito do nosso Município, pois geramos muita riqueza para o Paraná e recebemos pouco de volta. Por exemplo, eu nunca me conformaria com os nossos índices de saneamento básico e da pouca segurança pública que temos, ambos serviços cuja obrigação é do Estado, tendo em vista o quanto nós contribuímos para o caixa deles. Enfim, hoje eu me sinto muito mais preparada do que qualquer outro político local para brigar por Araucária. Eu não teria dificuldades em estar dentro de qualquer gabinete de ministro em Brasília ou de secretário de Estado porque sei o caminho. É óbvio que isso não me cacifa para nada, mas me instrumentaliza para ajudar a nossa cidade.

Cidadã do mundo

Pela Câmara, conheci vários estados e países, vi muitas experiências e aprendi muita coisa que poderia ser aproveitada no Brasil. Todas essas experiências, no entanto, precisam ser adaptadas à nossa realidade. Nosso país é grande demais e nenhuma fórmula exportada de outra região simplesmente implantada aqui daria. Por exemplo, se eu fosse presidente do Uruguai, eu também descriminalizaria o uso da maconha, mas aqui no Brasil é impossível fazer isso. Somos muito grandes, com várias particularidades. Então não existe receita pronta, mas existe bons exemplos. Na Alemanha vi uma política magnífica de uso da água, mas que não daria certo aqui. Na China, a política deles de tratamento dos usuários de drogas funciona, mas aqui nunca daria certo.

Vou sentir saudade

O que mais sentirei saudades na Câmara Federal é da possibilidade de aprender sobre qualquer coisa. Qualquer projeto que o deputado queira fazer, ele tem estrutura para tal. As consultorias e assessorias disponibilizadas pelo Congresso para os parlamentares é algo sensacional. Então, o único deputado que não faz um bom mandato é aquele que não quer, quem não tem compromisso. Por isso, podemos eleger pessoas como o Tiririca, porque – se ele quiser – ele faz um bom mandato. Então, essa estrutura de apoio ao parlamentar é o que a Câmara tem de melhor. No mais, Brasília não tem glamour, pelo menos para mim, que fui lá para trabalhar, que almoçava no restaurante da própria Câmara e jantava um cachorro-quente na quadra do meu apartamento funcional.

Não vou sentir saudades

Mesmo considerando que a nossa legislatura foi boa, poderíamos ter feito mais, se o Congresso funcionasse por mais dias. É inaceitável que aquela estrutura só tenha sessões as terças e quartas e isso é algo que eu não sentirei falta. Também não sentirei falta do jogo de cena que existe por lá, daquela subserviência de muitos deputados ao Executivo, tudo para conseguir vantagens, mais emendas parlamentares. Esse tipo de coisa eu não sentirei falta.

Partido Verde no Paraná

Estou entregando o cargo de presidente do Partido Verde do Paraná. Faço isso depois de três anos como uma forma de demonstrar que não tenho apego ao cargo e até para incentivar a alternância, pois é preciso haver alternância. Aqui em Araucária, o Reinaldo Skalisz, que era o presidente, também deixa o cargo e eu assumo o comando, será a primeira vez que presidirei o PV da cidade.

Derrota em 2014

Apesar de não termos vencido a eleição, não me arrependo de ter sido vice do Requião. E mesmo perdendo eu faria tudo de novo. Sairia como vice do Requião sem pensar duas vezes. E terminada a campanha, tenho conversado muito com ele. Aprendi muito. E embora eu me sinta uma privilegiada de ter sido vice dele, o Requião acha que tem a obrigação de me ajudar a ser Prefeitura de Araucária. Eu, porém, sempre lhe digo que ele não me deve nada.

Retorno para Araucária

Eu poderia ter conseguido um cargo em Brasília, recebi várias propostas, mas eu entrei para a política por Araucária lá em 2000. Desde então se passaram 14 anos e eu ainda não vejo Araucária com todo o seu potencial explorado. Por isso voltei para minha base. Eu sinto que estamos passando por uma fase de limpeza na política e que em 2016 é ano de redenção. Por isso eu sou pré-candidata a prefeita de Araucária, isso não quer dizer que essa candidatura se dará a qualquer preço. Mais do que pré-candidata a prefeita eu sou candidatíssima a morar numa cidade melhor, então se alguém tiver uma proposta melhor, eu vou com essa pessoa. Eu quero e gosto de conversar com as pessoas sobre o orçamento desta cidade, chamá-las para sentar juntas e discutir onde serão aplicados os nossos recursos. Eu não preciso ser a próxima prefeita, mas quero ajudar a escolher o novo prefeito, que rompa com isso que está aí há décadas. A partir de 1º de fevereiro estarei numa unidade básica de saúde, fazendo o meu trabalho e nas horas vagas conversando sobre Araucária com o máximo de pessoas possível. Obviamente não vou fazer uma oposição de gralha, mas quero conversar com a comunidade, com as lideranças, com os empresários, com todo mundo.

Texto: Waldiclei Barboza / Foto: Everson Santos

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