Vereadores querem CPI pra investigar “terreno de ouro” comprado pela Codar

Compra do terreno foi um dos temas discutidos na sessão plenária da Câmara de segunda-feira passada
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Compra do terreno foi um dos temas discutidos na sessão plenária da Câmara de segunda-feira passada
Compra do terreno foi um dos temas discutidos na sessão plenária da Câmara de segunda-feira passada

A compra do terreno pela Companhia de Desenvolvimento de Araucária (Codar), na localidade de Taquarova, às margens da PR-423, se­gue dando o que falar. A área, de exatos um alqueire, foi adquirida por R$ 1.840.000,00, valor considerado muito acima da média de mercado para imóveis localizados naquela região.

As dúvidas acerca da compra são tantas que na última segunda-feira, 17 de outubro, durante sessão da Câmara Municipal, o vereador Alex Nogueira (PSDB) propôs a abertura de uma Comissão de Inquérito (CI) para apurar eventuais irregularidades na aquisição da área. Ao longo desta semana, ele pretende reunir as quatro assinaturas necessárias para formalização do pedido e ins­tauração do procedimento.

A aquisição do terreno também já é objeto de um procedimento administrativo instaurado pelo Ministério Público (MP), que teria enxergado uma série de discrepâncias no processo de dispensa de licitação que resultou na compra.

O processo de compra do “alqueire de ouro”, como vem sendo chamada a milionária aquisição foi conduzido por Marco Antonio Ozório, Beatriz de Oliveira Magalhães e Fernanda Karas. Desta última, porém, não há qualquer assinatura no procedimento, muito embora se saiba que parte das tratativas tenham tido sua participação. Dos três diretores, atualmente apena Marco Ozório permanece na Codar. Fernanda é hoje secretária de Go­verno e Beatriz estaria sendo nomeada assessora parlamentar do vereador Esmael Padilha (PSL), na Câmara Municipal.

Para embasar a compra do terreno, a Codar juntou ao processo de dispensa de licitação três avaliações de corretores, que estimaram o preço do metro quadrado naquela região em cerca de R$ 80,00. Segundo outras ava­liações, porém, obtidas por nossa reportagem, a metragem quadrada ali não passa de R$ 50,00. Só isso reduziria o preço do imóvel em cerca de R$ 600 mil.

Outro ponto que merece uma análise mais aprofundada é o fato de constar no processo administrativa aberto pela Codar para compra do terreno, a declaração de imposto de renda do ano passado do proprietário da área, Dorivaldo Domingues de Souza e Rosemary Minelli de Souza. Lá, eles declaram à Receita Federal que o valor do imóvel é R$ 120 mil. Ou seja, menos de 10% do preço que a área foi vendida para Codar poucos meses depois.

Retângulo à esquerda da imagem ao lado seria a área comprada pela Codar, mas herdeiro diz que, na verdade, terreno comprado ficaria atrás da rua Adão Dibas. Ou seja, imóvel não ficaria às margens da PR-423
Retângulo à esquerda da imagem ao lado seria a área comprada pela Codar, mas herdeiro diz que, na verdade, terreno comprado ficaria atrás da rua Adão Dibas. Ou seja, imóvel não ficaria às margens da PR-423

Codar não tirou certidões em nome do antigo proprietário

Os embaraços que envolvem a compra do tal terreno pela Codar não param por aí. Acontece que a direção da Companhia não tomou a cautela de também solicitar certidões negativas em nome do antigo proprietário da área: Silvestre Patezyk. Se tivesse feito isto, descobriria que havia discussões judiciais relativas ao objeto da compra.

A informação sobre essa discussão judicial foi feita à nossa reportagem por Hélio José. Segundo ele, o imóvel adquirido pela Codar é alvo de uma ação judicial em que sua família questiona a exata localização do terreno. Isto porque, o alqueire comprado pela Companhia é parte de uma área total de quinze alqueires. “Há muitos anos, minha família vendeu treze alqueires e ficou com dois, sendo que um desses alqueires ficava de frente para a Rodovia. Mais tarde, porém, esse alqueire foi ocupado por outra pessoa, que insiste em dizer que o nosso alqueire fica nos fundos da área, o que não é verdade”, afirma.

Ou seja, segundo Hélio, o terreno vendido à Codar não fica de frente para a Rodovia e sim atrás de uma estrada rural que corta o terreno, e que tem o nome de Adão Dibas. “Eu achei muito estranha essa história de um órgão público comprar uma área sem tomar todos os devidos cuidados para saber se ela não tinha nenhum embaraço jurídico”, comenta o herdeiro.

Texto: Waldiclei Barboza / Foto: Waldiclei Barboza

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