Fogos de artifício: um problema para os autistas e os animais

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As festas de final de ano sempre são cheias de comemoração, e um dos atrativos são as queimas de fogos de artifício.

Porém, enquanto para muitos os fogos brilhando no céu são lindos e maravilhosos, para outros, é um momento de pura tensão. E não são apenas os humanos os prejudicados pelo barulho dos fogos. Os animais também sofrem nessas épocas. Donos de uma audição mais aguçada que a do homem, eles ficam estressados com o som alto das explosões. Desmaios, ataques cardíacos, convulsões e até morte são alguns dos problemas observados durante a queima de fogos.

Araucária possui uma legislação específica que fala sobre o uso dos fogos. Sancionada em março de 2020, a Lei nº 3599, proposta pelo Poder Legislativo, proíbe a queima e a soltura de fogos de artifício de tiro e de quaisquer artefatos pirotécnicos de alto impacto sonoro no Município. A Legislação está em vigor desde março de 2021, apesar disso, os fogos ainda são ouvidos em grande intensidade nas festas de final de ano ou mesmo em outras comemorações.

Quem sofre com isso

Os autistas estão entre os principais prejudicados pela queima de fogos. Diante disso, o Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado – Transtorno Global de Desenvolvimento (CMAEE-TGD), que atende crianças e estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Conduta (TC) matriculados na rede municipal de ensino, todos os anos faz um pedido para que a população mude o foco e não solte fogos de artifício.

“Precisamos pensar nas crianças e demais pessoas com o transtorno do espectro autista que têm a hipersensibilidade ao barulho. Esse barulho pode traumatizar tanto a criança como o indivíduo adulto, dependendo do seu grau de comprometimento e das suas especificidades. Precisamos ter empatia e se colocar no lugar delas para saber o quão sofrido é sentir aquele barulho numa potência muito alta”, explica Mariana Langner, diretora do CMAEE-TGD.

Os pets também têm medo

Esses incômodos relacionados ao foguetório também representam um perigo à saúde dos pets. O barulho em excesso pode trazer efeitos imediatos, como fugas, atropelamentos e convulsões, ou de longo prazo, como doenças cardíacas, imunológicas e metabólicas. O veterinário Luciano Buch, sócio proprietário da Clínica Veterinária Araucária – CVA, explica que o barulho dos fogos prejudica a saúde não apenas dos cães, mas também de gatos e até animais de fazenda.

“Os fogos estourando fazem um barulho muito forte nos ouvidos dos animais, eles ficam estressados e ansiosos. Pacientes cardiopatas, por exemplo, tendem a ficar pior. Nós humanos entendemos que é um momento festivo, mas os animais não, pra eles as festas de final de ano já representam um momento estressante, eles sentem a movimentação, percebem o pessoal viajando, às vezes vem pessoas diferentes para dentro da sua casa. Os animais percebem essa mudança de rotina e já vão ficando estressados e isso somado ao barulho, que para eles chega a ser 10 vezes mais alto, é preocupante. Os animais possuem ouvidos bem mais sensíveis do que o nosso, então é um momento que eles podem se machucar, se mutilar, podem até convulsionar, por medo e ansiedade”, ilustra o veterinário.

Como proteger os animais

Dr Luciano dá algumas dicas de como podemos proteger os animais nessa época do ano. “Se você for passar as festas em casa, com a família, pode colocar seu pet em um cômodo mais tranquilo, onde não tenha muita movimentação de pessoas. Se possível, deixe ele em um lugar onde não tenha nada para subir, pular a janela, porque eles podem tentar se esconder e se machucar. E se possível, coloque um som ambiente, como uma TV ligada num desenho, ou uma música mais tranquila no rádio, sempre com o volume um pouquinho mais alto do que o barulho externo. Tudo isso ajuda o pet a se distrair um pouco, tira o foco do que está acontecendo no ambiente externo”, sugere.

Outra dica importante é colocar algodão no ouvido do animal para abafar um pouco o barulho, porém é preciso ter cuidado porque nem todos permitem isso. “Você colocar uma toalha enroladinha, como se estivesse abraçando o pet pelo peito, cruzando entre as escápulas no dorso e amarrando na cintura, formando um X. Isso pode fazer com que eles se sintam mais acolhidos e diminuir um pouco a ansiedade. Se possível, estar presente com eles, para sentirem que não estão sozinhos”, orienta.

Medicações

Também é importante, segundo o veterinário, ministrar alguma medicação natural no seu pet. “Temos os florais que podem ajudar a diminuir a ansiedade. Mas o intuito é que a gente comece a dar esses calmantes naturais para o pet pelo menos com 10 dias de antecedência. Para pacientes muitos ansiosos, muito eufóricos, a gente tem que entrar com medicações mais fortes, para deixá-los mais tranquilos, porque tem pacientes que são cardiopatas, pacientes mais idosos, e estes podem sofrer severamente nessa época”, diz.

Edição n.º 1394

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