Tempo de reflexão

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Estávamos acostumados a uma correria exagerada, sem tempo para a família, sem tempo para rezar, para uma boa leitura, para parar e refletir, para brincar com os filhos e ouvir as suas histórias, sem tempo, sem tempo o tempo todo. A resposta era sempre a mesma: ‘um dia vou te visitar, mas agora não tenho tempo; uma hora eu vou te escutar, mas agora não tenho tempo; quando der um tempo, vamos nos reunir e conversar’. Tudo era justificado pela falta de tempo, pois, cada um estava sempre atarefado, cheio de coisas para fazer, uma verdadeira pandemia chamada: correria. E isto gerava nas pessoas um estresse contínuo, inquietação, agitação, nervosismo e muita ansiedade. Sempre pensando na frente, com a sensação de estar continuamente atrasado, levava as pessoas a não viverem o presente, porque ele simplesmente não existia. Tudo era ‘para ontem’, o que gerava um caos mental, provocando acidentes, brigas e tantos outros inconvenientes.

De repente, tudo toma um novo rumo como que num piscar de olhos. Apareceu do nada um vírus misteriosos e invisível, imperceptível, causando medo e terror, um verdadeiro pânico nas pessoas. Todo mundo está sujeito a ser atacado e destruído por ele, sobretudo, os mais idosos e portadores de alguma doença. Provoca um verdadeiro caos, aterrorizando o planeta terra. Não existe remédio para controla-lo, a não ser, ficando em casa. Além disso, é preciso evitar todo contato humano, encontros sociais, abraços, beijos, como se o outro fosse um inimigo em potencial, uma verdadeira ameaça para a minha saúde. Meu Deus, quem poderia imaginar algo parecido em pleno século 21? Por natureza, somos seres sociais, gostamos de estar juntos, de sair, de passear, de nos encontrarmos para um bom papo, para um churrasco, e, de repente, tudo isso se torna proibido, em nome da saúde, em defesa de vida. Pode parecer tremendamente paradoxal, mas é a única saída para não sermos afetados e perigosamente condenados à morte.

A ansiedade provocada pela correria, pelo atraso, dá lugar a uma vida pacata, repetitiva, sem estímulos externos, sem relações humanas e que acaba causando uma nova ansiedade. Que mistério tudo isso! Não mais a pressa, a loucura, o trânsito caótico, mas a monotonia, o tempo absurdamente livre, sem nada para fazer, acabam mexendo profundamente na rotina das pessoas. Diante disso, o que fazer? Como não se deixar abalar por esta nova realidade, tão diferente, entre quatro paredes, vendo sempre as mesmas pessoas, as mesmas caras, o mesmo ambiente material, o mesmo espaço?! Não existem, com certeza, receitas prontas e soluções mágicas, mas é preciso ser criativo, usar a mente para refletir, analisar e a cada dia, encontrar algo novo para fazer, para ocupar seu espaço mental e físico. Com certeza, venceremos esta etapa tão dolorosa e inesperada em nossa vida.

Neste tempo, é preciso viver plenamente cada dia, fazendo programações e atividades somente para o arco daquele dia. Ficar pensando que isso vai ficar assim por um mês, ou dois meses, acaba criando uma verdadeira loucura mental nas pessoas. Programe o seu dia, com diversas atividades, leituras, filmes, conversas, momentos de oração e reflexão, ajudará você a manter-se mais calmo e centrado. Se o noticiário está lhe deixando mais confuso e tenso, evite-o e busque fazer algo que faça bem para sua mente. Lembre-se: este é um tempo passageiro, não é final dos tempos e nem do mundo. Tudo isso vai passar e deixará marcas em sua vida e na vida do planeta e com certeza nos ensinará a sermos mais humanos.

Publicado na edição 1205 – 26/03/2020

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