Terrenos vazios espalhados por várias regiões dificultam o desenvolvimento da cidade

A especulação Imobiliária interfere na dinâmica de valores do solo urbano e impede o que a população integre áreas urbanas já consolidadas. Foto: Marco Charneski
Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Terrenos vazios espalhados por várias regiões dificultam o desenvolvimento da cidade
A especulação Imobiliária interfere na dinâmica de valores do solo urbano e impede o que a população integre áreas urbanas já consolidadas. Foto: Marco Charneski

 

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO – 129 ANOS

Vazio urbano é um conceito utilizado para identificar lotes dotados de infraestrutura básica, dentro da cidade, mas que estejam sub utilizados, ou seja, são terrenos urbanos que estão sem uso, não recebem a apropriada ocupação.

Em Araucária, esses terrenos vazios, de natureza pública ou privada, podem ser vistos em várias regiões. Eles estão inseridos na malha urbana consolidada e podem despertar o interesse para negociações imobiliárias.

A presença desses vazios urbanos evidencia fragilidades no processo de urbanização da cidade, uma vez que demonstra vulnerabilidades na ocupação prevista pela Lei de Zoneamento e Uso e Ocupação do Solo Urbano. O lote urbano, para receber o uso e a ocupação planejada precisa estar inserido em locais que ofereçam vias públicas, saneamento básico e ambiental, energia elétrica e sistemas de abastecimento,entre outros elementos de infraestrutura. Assim, quando o lote urbano fica sem uso, como é o caso de vários terrenos espalhados por Araucária, os recursos aplicados não são aproveitados em sua totalidade.

Por aqui, de acordo com dados da análise temática da revisão do plano diretor, a evolução da ocupação urbana acompanhou a dinâmica do valor da terra, quando houve o crescimento horizontal da cidade em direção às áreas periféricas, onde o custo do lote é mais baixo, quando comparado aos lotes centrais. A especulação Imobiliária (os proprietários retém seus lotes e aguardam o aquecimento do mercado imobiliário com o intuito de garantir maiores lucros no futuro) interfere na dinâmica de valores do solo urbano e impede o que a população integre áreas urbanas já consolidadas. O resultado disso tudo pode ser visto e confirmado: Araucária tornou-se um município espraiado, “espalhado”.

As consequências desse espraiamento são sentidas na pele por moradores das regiões dispersas da cidade. O acesso às infraestruturas e equipamentos sociais torna-se mais difícil.

Para a administração municipal uma cidade espraiada gera dificuldades, pois demanda maiores investimentos em sua infraestrutura básica. Quanto mais esparsa, maior será a ampliação das redes de saneamento (água e esgoto) e rede elétrica para prover o mínimo de dignidade habitacional. Ainda, será maior o investimento no sistema viário, incluindo asfalto, rede de iluminação pública, rede de drenagem,etc.

Em relação ao aspecto social, os popularmente conhecidos como “terrenos baldios” são utilizados muitas vezes por moradores de rua e usuário de drogas. A sensação de insegurança pode levar ao aumento do índice de criminalidade.

Outro problema é o lixo, esses locais acabam tornando-se verdadeiros depósitos de entulhos e rejeitos o que pode resultar na proliferação de pragas e doenças.

Em Araucária a empresa responsável pela elaboração da revisão do PDA, Urbetc, teve dificuldades para identificar a quantidade de vazios urbanos uma vez que a base cadastral está desatualizada. As regiões onde esses locais foram encontrados são:

• No Norte da cidade, nos bairros Barigui, São Miguel e Thomaz Coelho.
• No bairro Capela Velha, constatou-se a presença de áreas desocupadas, próximas ao perímetro urbano e de áreas ambientalmente frágeis.
• No bairro Estação, a presença de amplas dimensões sem utilização entre duas barreiras: a linha férrea e a Rodovia PR-423.
• Nos bairros Boqueirão e Passaúna, a linha férrea apresenta-se novamente como um possível bloqueador da ocupação urbana.
• Já em direção à Rodovia BR-476 e à área central da cidade, o bairro Porto das Laranjeiras apresenta diversas áreas desocupadas em meio a malha consolidada.
• Na região Sul da cidade, o bairro Iguaçu detém duas quadras desocupadas, o bairro Costeira apresenta uma relevante área na proximidade com o município de Curitiba e, no seu limite com o bairro Campina da Barra, constam importantes áreas igualmente desocupadas.
• No bairro Barigui, onde é possível perceber quadras completas sem utilização.

Na cidade os motivos para o surgimento deste fenômeno são vários e incluem aspectos naturais (ambientais) e antrópicos (históricos econômicos e sociais). A REPAR é citada no estudo da Urbetc por provocar efeitos repulsadores de ocupação ao seu entorno. A sua localização, na porção central da zona urbana, ainda contribui para separar o Norte e o Sul da cidade. O alto custo dos terrenos também pode ser citado já que não é compatível com a realidade da maioria da população araucariense.

A revisão do Plano Diretor de Araucária quer, por meio de todo o estudo de planejamento urbano que está sendo realizado, diminuir as consequências de uma zona urbana segmentada e esparsa. Cidades fragmentadas tendem a ser mais frágeis para desenvolver-se uma vez que a distância não é apenas física, mas também econômica e social. Dentro desse cenário atual o trabalho e o desafio para os próximos anos é tornar Araucária uma cidade compacta e sustentável que ofereça qualidade de vida para seus moradores.

Texto: Danielle Peplov

Compartilhar
PUBLICIDADE