Trindade – Uma relação de amor

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Quando pediram para Santo Agostinho, um dos maiores teólogos da Igreja Católica para que definisse o mistério da Santíssima Trindade, ele recorreu à imagem de uma criança brincando na beira do mar. Estando Agostinho, um dia na praia, ele observou uma criança que fez um buraco na areia e ia toda hora buscar água no mar para encher aquele buraco. Servindo-se desta imagem, ele respondeu: é mais fácil a criança trazer toda a água do mar e preencher aquele buraco, do que explicar o mistério da Santíssima Trindade. Permanecerá para sempre um mistério, um Deus em três pessoas, sendo que cada pessoa da trindade também tem a origem divina, ou seja, também é Deus.

Para tentarmos nos aproximar deste mistério, nos servimos da relação de amor que existe entre as três pessoas. Cada uma deles tem uma missão específica: Deus Pai é o criador da humanidade; Deus Filho é o Salvador; Deus Espirito Santo é o santificador, o animador. Os três agem amando, e estão profundamente ligados entre si pelo amor que os une: é um Deus em três pessoas. A relação entre eles é de amor, como dizia o próprio Jesus: ‘eu e o Pai somos um. Tudo o que eu faço é o Pai que faz através de mim’. Entre eles existe uma unidade profunda, e por isso, dizemos que a trindade é modelo de uma perfeita comunidade. Quantas vezes nós nos confundimos atribuindo ao Pai aquilo que é do Filho; para o filho aquilo que é do Espirito Santo. O amor entre eles gera uma perfeita unidade, onde não impera o ‘eu’, mas o ‘nós’.

Seguindo o exemplo da Trindade, assim deveria ser a nossa família, a nossa comunidade. O amor entre os membros gera a unidade, e cria a comunidade. Quando existe inveja, ciúmes, competições, discórdias, o que se cria é uma verdadeira divisão, onde o ‘eu’ fala muito mais alto do que o ‘nós’. Na comunidade nunca deveríamos usar a palavra ‘eu’, porque ninguém consegue fazer nada sozinho. Juntos, unidos, trabalhando em equipe, nós somos mais fortes. Assim também na família, a palavra ‘eu’ fica meio desfocada, tipo, ‘minha casa’, ‘minha família’, deveriam sempre ser expressas no plural: ‘nossa casa’; ‘nossa família’ e assim por diante. Na comunidade também, a palavra deveria ser sempre no plural: ‘nossa comunidade’, ‘nosso trabalho’, ‘nosso grupo de reflexão’.

A Santíssima Trindade nos impele a sairmos de nós mesmos, e nos colocarmos juntos, como irmãos, como construtores da comunidade. Para tanto, precisamos viver o verbo amar, no sentido de respeitar as diferenças, acolher os diversos dons, abrir espaços para que todos possam manifestar as suas ideias. Na comunidade não existe um dono, e é por isso que não se usa mais a palavra ‘presidente’, mas, ‘coordenador’. A palavra presidente cheira chefia, alguém que manda, e alguém que obedece. E esta com certeza não é a relação entre a Trindade. Existe cooperação entre as três pessoas, e não competição. Assim também, na comunidade, todos são cooperadores em vista de um bem comum.

Precisamos aprender com a Santíssima Trindade a sermos iguais, irmãos uns dos outros. Não existe ninguém acima de ninguém, mas, todos juntos, buscamos criar uma comunidade de irmãos. Existem funções diferentes, mas elas não colocam as pessoas umas acima das outras, mas em serviços diferenciados. Tudo deve convergir para o desenvolvimento de todos, em vista da construção do Reino de Deus. A Trindade é um modelo de unidade, de uma comunidade que todos nós desejamos, porque entre as três pessoas, impera o amor. Assim também, o amor deve ser aquilo que nos une em família e em comunidade.

 

 

 

Publicado na edição 1114 – 24/05/2018

Trindade – Uma relação de amor

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