Ao longo das duas últimas semanas não utilizei este espaço que cordialmente este periódico me cede. Estava – ao mesmo tempo – tentando espairecer e aproveitando para me recuperar de uma cirurgia refrativa nos olhos. Desde que me conheço por gente, fui míope. Nada que óculos ou lentes de contato não resolvessem, mas estava meio sacudo deles. É muito legal poder acordar e, ao abrir os olhos, focalizar perfeitamente aquilo que está ao seu redor.
Segundo meu médico, ainda levará algumas semanas para que eu enxergue cem por cento, mas penso que isso é meio conversa dele, pois ando vendo bem melhor do que o período em que usava óculos. Enxergar melhor, porém, não quer dizer compreender tudo aquilo que vejo. Por exemplo, estou tendo muita dificuldade para tentar interpretar o que meus olhos veem em cima de alguns palanques eleitorais em Araucária.
E, invariavelmente, quando vejo os palanques eleitorais o que vem a cabeça é Quadrilha! Sim, Quadrilha! Sejamos sinceros: não é isso o que todos pensamos ao vermos num mesmo palanque – apoiando o governador Beto Richa – figuras da nossa política como Albanor José Ferreira Gomes e Rizio Wachowicz? Só pode ser Quadrilha que coloca num mesmo barco eleitoral as duas figuras acima e também outras como Olizandro José Ferreira e Hissam Hussein Dehaini. Até Genildo Carvalho apoia Beto Richa, que é apoiado, como já disse, por Zezé e Olizandro. Nesta sopa temos até o delegado Francischini e Hissam defendendo o mesmo candidato.
E a Quadrilha não vem à cabeça somente quando pensamos na coligação de Beto. Ele está lá também no caso de Gleisi Hoffmann e Roberto Requião. Ora, Gleisi tem como vice Haroldo Ferreira, que foi secretário de Saúde em Araucária e que era muito criticado pelo vereador Clodoaldo Pinto Junior. Hoje, indiretamente, Clodoaldo apoia Haroldo. Este também é, por consequência, apoiado pelo vereador Josué Kersten, cuja gestão à frente da Secretaria de Saúde fora muito criticada por Haroldo durante a gestão 2009-2012. Do mesmo modo, na coligação de Gleisi temos Adriana Cocci como candidata a deputada estadual recebendo o apoio do vice, Rui Sérgio Alves de Souza. Ora, Adriana e Rui viviam se bicando quando ambos eram vereadores. Quem não se lembra das indiretas que a edil dirigia ao então presidente da Câmara por conta da compra daquele malfadado elevador instalado na Casa de Leis.
Quadrilha é também ao que nos reportamos quando vemos a coligação que tem Requião e Rosane como candidatos, pelo menos aqui em Araucária. Afinal, quem imaginou ver a deputada ao lado de um peemedebista? A situação é tão peculiar que, em tese, hoje Rosane é a candidata de boa parte do grupo de Olizandro, já que este é filiado ao PMDB. Mas, peraí, o prefeito não está com Beto Richa, como mencionado em parágrafo acima? Sim, está!
Enfim, é ou não de se pensar em Quadrilha? Claro que é! O poema de Carlos Drummond de Andrade se encaixa perfeitamente aqui. O poeta disse “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém”. Na versão araucariense, ficaria mais ou menos assim: “Beto Richa queria o apoio de Hissam, Zezé, Rizio e Olizandro, que era filiado ao PMDB que lançou Requião, que escolheu Rosane como vice, que sempre fora adversário de Olizandro. Gleisi apoiou Olizandro e Rui, mas escolheu Haroldo como vice, que não se bicava com Clodoaldo, que vivia cutucando Hissam, que é filiado ao PPS, que está no chapão de candidatos de Francischini…”. É, a nossa versão de Quadrilha seria bem mais extensa do que a de Drummond!
Excelente semana a todos. Até uma próxima! Comentários são bem vindos.
