Qual seria a melhor definição para a nossa passagem nesta vida? Afinal, porque estamos neste mundo? Que significado tem a nossa existência? Por que viemos a este planeta terra? Perguntas que deveríamos fazer todos os dias a fim de darmos a melhor resposta para esta breve passagem. Aliás, muito breve, e quando vemos os anos já se passaram e o tempo voou sem nos darmos conta. Misteriosa esta vida, e tantas vezes, difícil de ser decifrada e compreendida na sua plenitude. O importante é irmos dando sentido diário a tudo aquilo que fazemos, oferecendo o nosso melhor em todas nossas atividades. Como dizia uma frase lida por mim há muito tempo atrás: ‘viva a plenitude do momento e terás vivido a plenitude da vida’. Ofereça o melhor em tudo aquilo que você faz, e, com certeza, você não se arrependerá no futuro, daquilo que foi vivido no passado.
Se formos buscar resposta no evangelho para a nossa vida, encontraremos uma passagem muito bonita de Jesus, falando sobre a nossa existência. Ele mesmo se define como um servidor, ‘eu não vim para ser servido, mas para servir, e dar a vida em resgate de muitos’. Claramente, ele coloca o foco da sua passagem neste mundo, no serviço aos irmãos. E o que significa servir? Nada mais é do que colocar a sua vida, seus atos, seus gestos, suas palavras, na direção do bem do outro. Tudo deve convergir para atitudes de entrega, de doação, de desprendimento, de despojamento, encontrando tempo para ser e estar a serviço do outro. Nada realiza tanto o ser humano, do que um amor sincero, gratuito, espontâneo em prol do necessitado, do carente, do deprimido, enfim, do irmão que bate à sua porta.
Viver é no fundo, focar todas as ações, na direção do outro. O egoísta, o individualista, o ganancioso, aquele que só pensa no seu próprio bem estar, sendo indiferente às necessidades do seu próximo, com certeza, não viverá uma vida plena. Nós nos realizamos na medida em que nos despojamos dos nossos desejos egoístas, e colocamos o nosso tempo, à disposição daqueles que dele mais necessitam. Foi isso que Jesus fez durante a sua vida, e todas suas palavras, gestos e ações, foram direcionados para a construção de um mundo melhor, de homens e mulheres livres e felizes.
Nesta direção, podemos dizer que a vida só tem sentido e razão de ser, quando dela se faz uma verdadeira vocação de amor e doação aos irmãos. A verdadeira vocação é dar um sim para a vida, e dar este sim, significa ser altruísta e aberto ao outro, pronto para escutar, a ter compaixão, a ser solidário, e servir na alegria. A verdadeira alegria brota de um coração livre para amar, livre para ir ao encontro de quem necessita e levantar o caído, animar o deprimido, consolar o triste e ser um sinal de esperança ao desanimado. Isto sim realiza o ser humano, porque como diz São Paulo, ‘existe muito mais alegria em dar do que em receber’.
Para viver plenamente a sua vocação, seja como pai, mãe, professor, padre, religioso, enfim, é preciso descobrir o gosto de servir em vez de ser servido. É sentir o prazer de fazer o bem, não importa a quem, em todos os momentos da vida. É estar sempre pronto para sair, para partir, para ir ao encontro daquele que carece do nosso auxílio e da nossa presença. Oxalá as pessoas compreendessem esta grande verdade! A insatisfação que toma conta do homem pós-moderno, tem tudo a ver com seu egoísmo, seu fechamento em si mesmo, ignorando as necessidades do próximo. O amor que se sacrifica em prol do outro, que se doa, que se entrega, faz a vida renascer e desperta um gosto diário de viver em plenitude.
Publicado na edição 1176 – 15/08/2019
